Com mais ou menos prazer
Tão colada a hábitos e ao dever
Todo o tempo preenchi
E não sendo então capaz
De por algo para traz
Ricos talentos não expandi.
E deixo a vida terminar
Sem dar êxito nem lugar
Ao que na alma sinto e senti
De tal modo habituada
Fiz do meu tanto, nada
Só por insónias escrevi.
Ó talento… profundamento sentido
Consentiste e ainda consentes
Que outros meus talentos
Necessários e permanentes
E sendo tão persistentes
Dar-te-ão o lugar de vencido
Minha alma insatisfeita
Neste mundo muito medita
Mas não agindo como devo
Do que ela tanto me dita
Na memória me fica
Mas é tão pouco o que escrevo.
Sinto na alma e no coração
O que nem tem explicação
E mal cabe dentro de mim
Minhas ideias, a poesia
Deixando passar dia após dia
Em rédeas curtas
Até ao fim.