Era noite de mar chão e aventurei-me nesse deserto de água e sal
Viajei para as terras do Brasil entrando pelas águas de Portugal
Naveguei milhas e milhas, até que o mar embraveceu
Tudo no barco eram quilhas, e o resto da madeira corpo meu
O mar levantou-se em bruto, erguendo muros a Atlas
E a viagem de orgulho, transformou-se em ondas de bravatas
A madeira rangia de dor, quando cavalgava as ondas
As Syrenas cantavam, himnos de perdição
E os meus companheiros de viagem, réquiens de maldição…
Tudo era negro ao redor das estrelas adormecidas
Na minha Terra Natal, havia já vivido muitas vidas
Agora esta era a minha última, a derradeira viagem
Lancei ferros à Loucura, tentando chegar à outra margem
Tudo era loucura, sem sentido, o sofrimento, a viagem
Tudo parecia perdido, mas restava ainda a coragem
Abracei então esse céu divino e avistei a minha estrela
Fui guiado pelo seu brilho, pela minha loucura e sentido dela…
Agora adormeço na praia, onde o meu barco fundeou…
Sou um filho de Portugal em Terra Estranha
E do Brasil, sou Avô…