O Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira, «ex-libris da cultura do concelho», como referiu José Carlos Rolo, celebrou no passado dia 20 de setembro o seu 25.º aniversário.

Trata-se de um espaço de sucesso, a verificar pelo número de visitas: em 1999 teve 2500 visitas anuais e no ano passado, somou cerca de 12600. Uma palestra por Carlos Guerreiro subordinada ao tema das Jornadas Europeias do Património, que este ano coincidiram com o aniversário do Museu, e uma pequena lição-concerto de Gonçalo Pescada, arrancaram longas ovações. O espaço tornou-se exíguo face a tantas presenças, nomeadamente de representantes da CCDR Algarve, presidentes de Junta de Freguesia, associações culturais, professores e público em geral. Aquando da palestra de Carlos Guerreiro, o espanto fez-se sentir em muitos momentos, especialmente com o acidente do avião norte-americano que a 26 de janeiro de 1943 caiu em Vale Carro, Olhos de Água, quase aos pés de uma das suas fontes testemunhais.

 

O espaço do Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira ficou lotado, tanta a quantidade de convidados e munícipes que na passada sexta-feira, dia 20, marcaram presença na celebração do 25.º aniversário daquele polo cultural, que abriu ao público em 1999, com um espólio recolhido primordialmente pelo pároco de Albufeira, Semedo Azevedo (1907-1968). A data coincidiu com a das Jornadas Europeias do Património, este ano subordinadas ao tema “Rotas, Redes e Conexões”. E foi precisamente este o tema da palestra do jornalista, investigador e escritor, Carlos Guerreiro, que no âmbito da sua investigação apresentou alguns dos resultados no que concerne às Guerras Mundiais do séc. XX, nomeadamente a importância da aviação e da marinha, bem como as redes de espionagem e as conexões havidas entre os países. Arrancando fortes aplausos, uma das surpresas foi o de ter caído quase aos pés de um morador de Vale de Carro, em Olhos de Água, um avião norte-americano a 26 de janeiro de 1943, tendo o seu piloto, Richard Louis Rope, tido morte imediata. Disso conseguiu ainda Carlos Guerreiro obter um testemunho vivo (Vitorino Guerra), à semelhança de outros, nomeadamente sobre o bombardeiro que se despenhou em Faro, a poucos metros do barco do pescador Jaime Nunes, salvando seis dos 11 tripulantes.

Outra surpresa do Museu foi o concerto de Gonçalo Pescada que frequentou assiduamente o Museu, especialmente porque o Museu Municipal fica em frente ao Conservatório de Música de Albufeira, local que o professor universitário e músico frequentou ao longo de 21 anos. Apresentou três instrumentos com sonoridades especiais, tecendo uma história dos instrumentos de botões desde 1839, a Accordina, passando pelo Bandonéon e por um recente acordeão construído, tal como a maioria dos acordeões no nosso país, em Vidago, de 2022, que pesa seis quilogramas, quando o peso normal deste instrumento varia entre os 16 e os 20 quilogramas.

O presidente da Câmara Municipal de Albufeira expressou a sua gratidão aos convidados e presentes, referindo-se ao Museu Municipal de Arqueologia (MMAA) como o local onde se encontra “o ex-libris da cultura de Albufeira”, e que o espaço é “motivo de contentamento para todos”. “Necessitamos da História para percebermos o que somos”, referiu José Carlos Rolo, que aproveitou o momento para esclarecer que em 1999 o MMAA teve 2500 visitas ao longo do ano, ao passo que em 2023 teve cerca de 12.600 visitas, acrescentando que integra a Rede Portuguesa de Museus desde 2003 e a Rede dos Museus do Algarve, desde 2007.

Por seu turno, o presidente da Assembleia Municipal, Francisco Oliveira, salientou a importância da cedência do espólio pela paróquia, na pessoa do Cónego José Rosa, ali presente. Salientando a importância do Museu na construção da identidade de uma comunidade, Francisco Oliveira recordou a propósito da II Guerra Mundial o facto de, na linha das redes e conexões, ter sido Albufeira um dos locais a acolher temporariamente diversas crianças que ficaram órfãs de guerra, vindas essencialmente da Áustria.

Antes de uma visita ao espólio exposto neste Museu, foi feito um brinde coletivo, partilhado por diversos representantes da CCDR Algarve, presidentes de Junta de Freguesia, associações culturais, professores e público em geral. De lembrar que integrada nesta celebração, teve lugar na manhã desse dia, na Escola EB1, 2 e 3 da Guia, uma palestra intitulada "Portugal 1939-1945 - Refugiados e Espiões”, também por Carlos Guerreiro, que atraiu dezenas de interessados, especialmente alunos e professores.