Foram notícia as declarações proferidas pelo Primeiro-Ministro no debate quinzenal a respeito do novo Hospital Central do Algarve, ocasião em que afirmou que esta infra-estrutura seria uma das cinco unidades a construir nos próximos anos.

Ora, segundo o Governo, no Programa de Estabilidade e Crescimento 2018-2022, apresentado na pretérita semana, estão previstas cinco unidades, a saber: Lisboa, Seixal, Évora, Sintra e Funchal. O Algarve não consta. É, nesse sentido, uma clamorosa falsidade as afirmações do Primeiro- ministro, a menos que o Governo tenha reorientado as suas opções na última semana.

Aliás, mal se compreende que os processos tendentes a estes novos hospitais tenham avançado antes do do Algarve. Em 2006, em estudo técnico que foi vertido em despacho e definiu as prioridades da rede hospitalar, o Algarve figurava no segundo lugar, à frente de Seixal e Évora, sendo que Sintra e Funchal não foram objeto de qualquer estudo comparativo. É, por isso, sem fundamento, sem causa que não uma deliberada opção política ao arrepio da avaliação técnica, que o Algarve foi preterido não apenas nesta legislatura, mas também na próxima, tal como se descortina por força do PEC 2018-2022.

Além do mais, é público que a região que sofre de piores condições no acesso à saúde é o Algarve e também que o Governo age de forma absolutamente contraditória com as suas proclamações.

O Governo deve cumprir o que foi previsto, com prioridades definidas. Ao não o fazer, por opção, está a prejudicar gravemente a  região, a qual precisa de um novo hospital para melhorar o nível da oferta assistencial e fazer face aos desafios da demografia e do direito à saúde.

 

Por: Cristóvão Norte