André Magrinho, Professor universitário, doutorado em gestão | andre.magrinho54@gmail.com

O aquecimento global e as alterações climáticas que lhe estão associadas, constituem um dos maiores desafios com que a humanidade se confronta, cujos previsíveis impactos são múltiplos, duradouros e cumulativos.

Para Portugal, um dos maiores impactos reside na elevação do nível do mar, que poderá acelerar a erosão costeira, a perda de território e o incremento das inundações ao longo do litoral.

O Algarve é um dos distritos previsivelmente mais fustigados, com a previsão de uma área inundável de 182,3 Km2 em 2050 e 210,9 Km2 em 2100, como se pode verificar no importante trabalho realizado pela equipa da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, liderada pelo professor Carlos Antunes, através da utilização de modelo é probabilístico (http://www.snmportugal.pt/index.html#INICIO).

Globalmente, a área inundável em Portugal Continental, apresentando níveis extremos de maré por força da subida do nível médio do mar, somaria 903 quilómetros quadrados (km2) em 2050 e 1146 km2 em 2100. Nesses dois cenários analisados, estima-se que poderiam ser afetados, respetivamente, até 146 mil e 225 mil residentes, em maior ou menor grau, nessas zonas costeiras vulneráveis.

No estudo mencionado, relevam-se como áreas mais críticas a ria de Aveiro, a Área Metropolitana de Lisboa, o estuário do Tejo e Setúbal, e a sul, o Parque Natural da Ria Formosa, bem como as zonas de Vila Real de Santo António e Monte Gordo (Algarve). No Parque Natural da Ria Formosa, são visadas, desde logo, a ilha de Faro, considerada a primeira das ilhas-barreira, pode ser flagelada pelas águas, na medida em que se encontra cercada, entre o mar e a ria, sendo fustigada tanto pela erosão costeira como pela subida do nível do mar.

Nem sequer escapará desta probabilidade de inundação parte da pista do Aeroporto Gago Coutinho, por onde passa uma boa parte dos turistas que visitam o Algarve.

Também a ilha da Culatra com os cerca de 700 habitantes (e muito mais na época balnear) se encontra numa zona de elevadíssima probabilidade de inundação, o que se poderá agravar por via da erosão do cordão dunar. São igualmente visados a nível de risco, o Parque de Campismo Fuzeta e o centro histórico de Olhão. Mais a Sotavento, Vila Real de Santo António, constitui igualmente uma zona de elevado risco decorrente da previsível subida do nível do mar. Por último, o território de Monte Gordo, inscreve-se também numa área que apresenta uma considerável probabilidade de inundação.