No âmbito do Dia Nacional de Luta Contra a Obesidade, sociedade médica alerta para a desmistificação dos tratamentos cirúrgicos desta patologia

Tratar a obesidade passa na maior parte dos casos por mudanças nos estilos de vida, mas nos casos mais graves ou em que existem complicações, como diabetes ou hipertensão, existem procedimentos cirúrgicos inovadores que ajudam a perder peso, a reduzir a tensão arterial e os níveis de glicemia e a recuperar a qualidade de vida dos doentes. O alerta é da Sociedade Portuguesa de Cirurgia da Obesidade e Doenças Metabólicas (SPCO) e surge no âmbito do Dia Nacional de Luta Contra a Obesidade, que se comemora a 23 de maio.

Segundo Rui Ribeiro, cirurgião e presidente da SPCO, “apesar de essenciais, as mudanças alimentares e a prática desportiva nem sempre conseguem tratar o problema da obesidade. Nos casos mais graves, a cirurgia bariátrica é a solução mais eficaz de perder peso de uma forma mais sustentada. Hoje existem várias técnicas operatórias, executadas por abordagens minimamente invasivas, que permitem que o doente reduza o seu peso e recupere a sua qualidade de vida com conforto e um tempo de recuperação curto”.

Ainda de acordo com o especialista, “uma das técnicas mais consistentes é o bypass gástrico, que permite restringir a quantidade de alimentos a ingerir e reduzir a absorção dos nutrientes melhorando, por conseguinte, substancialmente as doenças associadas e a qualidade de vida do doente. Durante o primeiro ano pode chegar a perder até 80% do excesso de peso”.

O procedimento de bypass gástrico é minimamente invasivo porque realizado por laparoscopia, com anestesia geral. A cirurgia altera o ciclo do tracto digestivo, criando por um lado uma bolsa mais pequena no estômago (e assim reduzindo a ingestão de comida) e por outro evita que os alimentos passem por uma parte do intestino delgado (duodeno), onde são absorvidas as calorias. Nalgumas modalidades de cirurgia, como o bypass de anastomose única, cerca de 30 por cento das gorduras ingeridas não são absorvidas.

O bypass induz igualmente efeitos hormonais sendo restringida uma hormona responsável pela fome (grelina), o que faz com que os doentes tenham igualmente uma inibição do apetite, e aumentada a produção de hormonas da saciedade que assim ocorre mais cedo durante as refeições.

Em Portugal, são feitas cerca de 3 mil cirurgias bariátricas em 30 centros por todo o país. Para além da perda de peso, os benefícios conseguidos são substanciais, com reduções da tensão arterial e respetiva medicação na ordem dos 50% nos obesos hipertensos e melhoria dos níveis de glicemia e interrupção ou redução da medicação em cerca de 85% das pessoas com diabetes tipo 2.

 

Por: LPM