Por: Padre Carlos Aquino | effata_37@hotmail.com

É de acolher muito positivamente o interesse que nestes últimos tempos a causa ecológica tem despertado na consciência de todos nós, particularmente na consciência dos mais novos. É recente a ação judicial imposta por seis jovens portugueses com idades compreendidas entre os 8 e os 21 anos no Tribunal Europeu de Direitos Humanos a 33 Países devido às alterações climáticas.

Todos parecemos ser mais sensíveis à salvaguarda e proteção da Criação e da defesa de uma ecologia abrangente, mais humana, que não se esgote simplesmente na defesa de um mundo “verde”, mas num desenvolvimento sustentável e integral.

A este propósito, não deixou de ser surpreendente e profundamente desafiadora a Carta Encíclica “Laudato Sí”, de 24 de maio de 2015 do Papa Francisco sobre o Cuidado da Casa Comum, despertando para a urgência de se renovar um diálogo, uma nova consciencialização e reflexão aprofundada sobre a maneira como estamos a construir o futuro do nosso Planeta.

Mas não deixa também de surpreender e de nos interpelar, que muitas das causas que pugnam pela defesa da “casa comum” e do nosso planeta e movem os nossos jovens, ainda se circunscrevem, infelizmente, em muitas das suas convicções e manifestações, a sinuosos programas ideológicos com interesses particulares e significativos.

Na verdade, importante e fundamental é cada um se perguntar onde é que está a singularidade de uma atitude e de um estilo de vida para viver com alguma coerência também em relação a este patamar exigente que são as questões ambientais e ecológicas, ou seja, as questões da Criação. Cada um assume um comportamento novo e mais responsável perante esta realidade? Como se usa, por exemplo, a água e a energia?

Como se minoram os gases tóxicos e se reduz a poluição? Como se preserva a natureza e a respeitamos?

Como se respeitam os bens que nos são dados?

Que atitudes cultivamos e assumimos em relação com a natureza e o nosso próximo?

Na verdade, há muita vontade de fazer um caminho, mas persiste ainda alguma dificuldade em compreender a total amplitude do desafio a que nos convocou também o Papa Francisco, que não é apenas uma coisa referente à proteção do meio ambiente, mas tem a ver com a defesa e promoção de uma ecologia integral. Importa recordar que o Papa evidenciou sempre a necessidade, da Encíclica ser interpretada como uma “Encíclica social”. Aquilo que se pede no cuidado com o ambiente é muito mais do que uma simples atitude “verde”, mas sim uma atitude de ecologia humana, porque da vida social dos homens não podemos separar o cuidado com o ambiente, que é uma atitude social.

Não é possível separar a preocupação com a Natureza, da justiça para com os mais pobres e a defesa inalienável da vida. Muitas pessoas não terão ainda apreendido essa ideia, essa consistência. Por isso se apresenta como um veemente apelo nesta Encíclica uma visão da ecologia integral vivida com alegria e autenticidade e que passa pela adoção da proposta do grande santo e renovador social e eclesial Francisco de Assis de não podermos separar a preocupação pela Natureza, da justiça para com os mais frágeis e pobres e do empenhamento na sociedade da busca da paz interior, procurando um estilo de vida mais simples e harmoniosa.

É isto que hoje, inspira e norteia os programas e ações que pedem um ambiente seguro, uma vida sem medos e a salvação da Criação?