De acordo com o mais recente relatório anual da via férrea, referente ao ano de 2021, nos últimos 10 anos (2011-2020) ocorreram pelo menos 406 mortes registadas como suicídio na ferrovia. Número que quanto muito ficará aquém da realidade.
“Este é um tema sensível e que, por isso mesmo, é pouco abordado. Contudo, para além das graves consequências individuais, familiares e sociais do suicídio, também os profissionais da ferrovia (maquinistas e revisores) são eles próprios vítimas de acidente traumático, o que pode colocar em risco a saúde mental destes profissionais”, sublinha a porta-voz e deputada do PAN, Inês de Sousa Real.
Nesse sentido, em 2019, a Infraestruturas de Portugal criou o Grupo de Trabalho Colhidas e Suicidas, que visa reduzir a incidência de colhidas e suicídios na Rede Ferroviária Nacional (RFN), contudo, não se conhece publicamente as conclusões a que terão chegado.
Atendendo, porém, às várias tentativas de suicídio e suicídios ocorridos, “importa adotar medidas para contrariar o número de suicídios na via férrea e as dramáticas consequências que estes atos têm junto dos profissionais, pelo que importa criar uma Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio Ferroviário”, defende Inês de Sousa Real. A porta-voz e deputada do PAN enumera casos como a Bélgica ou a Austrália, onde a implementação de estratégias terá tido resultados positivos.
No âmbito de uma tal estratégia, deve ser desde logo constituída uma equipa transdisciplinar e independente para realizar uma investigação sobre o suicídio na via férrea e proceder ao levantamento dos denominados “pontos quentes” com base nos dados das colhidas dos últimos anos e nos testemunhos das tripulações e respetivo reforço de segurança de modo a impedir ou dificultar o acesso aos locais mais críticos.
Importa igualmente, entre outras medidas, pôr em prática um plano de encerramento das passagens de nível e subsequente instalação de passagens aéreas.