Meta da inflação de 2% na zona euro está longe de atingir e para lá chegar o guardião da moeda única vai fazer o que for preciso.

O Banco Central Europeu (BCE) meteu o pé no travão na subida dos juros diretores, suavizando o aumento para 25 pontos base, após cinco aumentos consecutivos de 75 e 50 pontos base. Mas a meta dos 2% de inflação na zona euro está ainda longe de atingir e, para lá chegar, a autoridade monetária vai continuar a recorrer ao aumento de juros, avisou hoje a presidente do BCE, Christine Lagarde, que diz estar particularmente preocupada com a inflação dos bens alimentares. Em paralelo, a responsável pede aos Governos para que revejam as medidas de apoio à energia.

"Não é tanto o destino que importa, mas a viagem. Estamos numa viagem. Perante as estimativas de março [para a inflação] que temos ainda temos mais caminho para percorrer", declarou Christine Lagarde, em conferência de imprensa, após o Conselho de Governadores, em que foi tomada de decisão de subir os juros em 25 pontos base.

Lagarde rejeita que o BCE esteja a fazer uma pausa nas subidas, como fizeram outros bancos centrais pelo mundo, e também não assume qualquer compromisso para cortar as taxas de juro, que têm vindo a impactar negativamente o custo do financiamento para as famílias - nomeadamente no crédito habitação e nas prestações da casa - bem como para as empresas, aumentando o custo do dinheiro.

Lagarde partilhou com os jornalistas que o Comité de Política Monetária do BCE tem vindo a ter várias discussões sobre a inflação subjacente (core) na Zona Euro, e que “o BCE está particularmente preocupado com a inflação dos bens alimentares.”

Efeitos da política monetária está a demorar a fazer-se sentir na economia e no custo do crédito

Sobre os efeitos que poderão continuar a pressionar a subida dos preços na área do euro, Lagarde alerta que “um maior crescimento dos salários ou das margens de lucro poderá aumentar a inflação”, pedindo também aos governos para que "revejam as medidas de apoio à energia”, de forma que o BCE não tenha que adotar medidas mais agressivas em termos de políca monetária.

A presidente do BCE refere também que a economia europeia apresenta “níveis fracos de procura doméstica e consumo”, ao mesmo tempo que se observa “divergências entre os setores na economia.”

Os dados mostram que as subidas anteriores das taxas de juro "estão a ser transmitidas em força nas condições monetárias e de financiamento da Zona Euro". Ainda assim, admite que o desfasamento e a força da transmissão do aperto monetário à economia real "continua incerto". Ou seja, a inflação desceu nos últimos meses, mas as pressões inflacionistas subjacentes "continuam fortes".

Tal como Jerome Powell, que referiu na conferência de quarta-feira, no seguimento da subida de 25 pontos base da Fed, também Lagarde sublinhou que “o setor bancário na Zona euro já provou que é resiliente.” Questionada sobre o resgate ao Credit Suisse, Lagarde referiu que “as autoridades suíças tinham poucas opções.”

 

Por: Idealista