O estudo em curso, denominado Forward (Focusing On job Retention, Workability And Rheumatic Diseases), tem por base um questionário preliminar a cerca de 50 doentes com doença reumática diagnosticada, adultos profissionalmente ativos ou reformados de uma consulta de reumatologia geral, cujo objetivo foi era o de avaliar a sua opinião em 4 tópicos: o que mudaria no seu trabalho em termos de organização temporal do trabalho; o que mudaria no seu trabalho em termos de carga física, mobiliário ou ambiente de trabalho; o que mudaria em termos de apoio médico e terapêutico; e o que mudaria no seu trabalho em termos de legislação referente a reconversão ou reorientação profissional, desemprego e procura de emprego, benefícios sociais, baixas, reformas, apoio familiar.
Destacam-se como principais resultados que, relativamente ao primeiro tópico, 20 doentes referiram que deveria existir uma maior flexibilidade de horário, 20 doentes referiram a redução horária e 16 doentes as pausas frequentes com controlo do trabalhador. Face ao segundo tópico as respostas mais frequentes incidiram numa maior climatização do local de trabalho (29 respostas), a melhoria do espaço físico laboral em termos de mobiliário, ecrãs (21 respostas) e o ajuste da carga física (14 respostas). No terceiro tópico 19 doentes identificaram a necessidade de um melhor acesso do doente reumático ao reumatologista e 14 doentes apontaram a necessidade de um exercício físico regular orientado gratuito ou de baixo custo. Em termos de alterações legislativas, 12 doentes indicaram a necessidade de alteração na legislação em termos da reconversão ou reorientação profissional, 10 doentes indicaram que a baixa por doença reumática não deveria sofrer diminuição da remuneração e 10 doentes indicaram que o apoio familiar deveria estar legislado.
Tendo em conta as respostas obtidas, este questionário preliminar foi ajustado e adaptado para dar origem ao estudo Forward, onde as questões colocadas são ordenadas por importância, o que permite uma maior visão das necessidades reais para a retenção laboral, e é aberto a toda a população, o que permite alargar a amostra das respostas.
“Atualmente os sistemas de saúde e a segurança social suportam as baixas e as complicações e as empresas pagam aos trabalhadores, mesmo tendo estes uma baixa produtividade. É importante que estas três entidades se juntem em torno da elaboração de uma estratégia conjunta que permita combater este problema, invertendo o absentismo laboral e as reformas antecipadas que diminuem o número de pessoas ativas e a consequente produção de riqueza e produtividade do país o que, a longo prazo, poderá ter consequências bastante negativas em termos económicos e sociais”, adianta Augusto Faustino.
Nesse sentido, em Setembro, vai ser realizada uma conferência que, sob o mote “A saúde como sector estratégico para a economia do país, visa dar espaço para a apresentação dos resultados do estudo Forward e, simultaneamente, discutir formas e medidas que promovam a retenção laboral e a diminuição do absentismo e das reformas antecipadas, sejam elas legislativas ou de melhoria e adaptação do local de trabalho às necessidades destes doentes. Também nesta Conferência está prevista a apresentação do Comité criado para elaboração de um documento de consenso sobre empregabilidade que visa integrar estes doentes na sociedade, composto por associações de doentes, políticos, sindicatos e associações empresariais.
“O trabalho é visto como um dos principais resultados de saúde, quer pela sua importância económica na geração da riqueza e da produtividade de um país, quer também pelo seu impacto social”, refere o coordenador da Plataforma Portugalapto.pt. “Há ainda muito trabalho a fazer para chamar a atenção da sociedade e principalmente das entidades governamentais para o pior cenário possível caso a relação entre o trabalho e as doenças músculo-esqueléticas não seja feita uma prioridade”, conclui.
Portugalapto.pt
A plataforma PortugalAPTO.PT é um projeto de intervenção social que tem como assinatura “Doenças Reumáticas: produtividade, Empregabilidade e Saúde Social”, e que pretende dar resposta a um dos principais problemas de saúde pública e saúde social do nosso país. Tem assim como principais objetivos estudar o impacto das doenças reumáticas e os seus custos globais mas também analisar a legislação laboral e social relacionada com a doença e com as incapacidades, ou seja, interpretar a realidade, perceber quais os motivos que contribuem para a situação atual e, posteriormente, propor medidas que contribuam para alterar a realidade.
Por LPM Comunicação