The Modernist é o resultado da nova vida dada ao nº27 da Rua Dom Francisco Gomes por dois franceses, apaixonados por arquitetura e design.

O “prédio mais feio de Faro” foi recuperado e transformado numa unidade turística, inspirado no movimento Modernista, quando se assinalam cem anos do nascimento de Manuel Gomes da Costa, um dos seus impulsionadores. O nº27 da Rua Dom Francisco Gomes ganhou assim nova vida e chega ao mercado apelidado de The Modernist.

O prédio de três andares, mantém “velhos moradores” no rés-do-chão – a livraria Bertrand e a loja da sorte Campião – e ocupou três pisos com uma unidade de alojamento local, dividida em seis apartamentos, dois por piso. Os apartamentos, para duas pessoas, com possibilidade de receber mais dois adultos ou crianças, dispõem de cozinha de apoio equipada e wifi, para quem leva o trabalho consigo.

A decoração é inspirada nos anos 70 do século passado, minimalista e acolhedora, em que sobressaem os materiais, com primazia para a pedra algarvia, o mobiliário, a iluminação e os puxadores na mesma estética modernista. "Tudo produzido no Algarve ou a menos de cem quilómetros de distância para reduzir ao máximo a pegada ecológica e promover a economia local e os seus artesãos", segundo é dito numa nota de imprensa.

Todos os apartamentos do The Modernist têm varandas. Há ainda um pátio para uso comum e o rooftop, com vista para a Ria Formosa, que se estende por cinco concelhos e cerca de 60 quilómetros, desde a praia do Ancão até à Manta Rota. Com as suas ilhas-barreira, é habitat de aves aquáticas migratórias, de comunidades de espécies marinhas e povoações piscatórias, que aqui estabeleceram viveiros, se dedicam à apanha de marisco e à produção de sal. Daqui parte-se à descoberta de outro Algarve, onde a natureza é pródiga e a cultura está paredes meias com quem tiver a curiosidade de a conhecer, afinal, Faro é o coração da região.

 

 

Quem está por detrás do projeto

Próximo da estação de comboios e de autocarros, que distam cinco e dez minutos a pé, respectivamente, The Modernist convida a caminhar ao encontro dos Edifícios de Arquitetura Modernista, num tour desenhado pelos proprietários Christophe e Angelique de Oliveira.

Franceses, apaixonados por arquitetura e design, há 15 anos que se dedicam a comprar edifícios, em Paris, que foram palco de artes ou de ofícios e que recuperam para dar a conhecer a sua história aos hóspedes. Numa viagem a Portugal, em 2016, visitaram Faro e reconheceram esse património que querem valorizar.

O projeto desenvolvido pela plataforma de arquitetura PAr (premiada com Architizer Awards Jury Winner e Best for Green Practices & Sustainability from the Condé Nast Johansens Awards), que respeitou o legado modernista que lhe deu nome e recuperou o movimento modernista.

O Algarve tem uma das maiores coleções de edifícios com inspiração modernistas – cerca de 500 – assinados por muitos dos que se reviram na “Escola do Porto”, como Manuel Gomes da Costa (1921-2016), Manuel Laginha (1919-1985) e António Vicente Castro (1920-2002). Manuel Gomes da Costa nasceu há cem anos, em Vila Real de Santo António. Considerado um dos grandes impulsionadores do movimento Modernista, deixou obra por todo o Algarve, sobretudo, no Sotavento.

Formado na Escola Superior de Belas Artes do Porto, com fortes influências de Oscar Niemeyer, Le Corbusier e Frank Lloyd Wright, criou uma linguagem singular, que adaptou as características do modernismo à construção local. Entre 1953 e 2002, assinou mais de 400 projectos, desde equipamentos públicos e habitação, como a Casa de Retiros e o Colégio da Senhora do Alto, em Faro, ou a Igreja de Santa Luzia, em Tavira.

Os proprietários de The Modernist conheceram Gonçalo Vargas, curador da exposição “MGC Moderno ao Sul”, e isso entusiasmou-os mais ainda por poderem ajudar a reconstituir a história, através do edifício construído em 1977, por Joel Santana.

 

Por: Idealista