A Comissão Politica Concelhia de Olhão, reuniu ontem, dia 30 de Maio de 2017 para avaliação do processo autárquico avocado pela Comissão Política da Federação do PS Algarve e entregue a uma Troika que até hoje não a ouviu.
Os militantes foram informados que apesar da Federação do PS Algarve ter afirmado na comunicação social regional que a denominada TROIKA criada para “resolver o impasse sobre os candidatos às Autárquicas de 2017” iria reunir com as partes envolvidas e auscultar os militantes Olhanenses, o que não aconteceu, antes pelo contrário, deliberou de forma imediata, cega e parcial sobre os possíveis candidatos à Câmara Municipal e Assembleia Municipal.
Descontente, a Concelhia de Olhão lamenta que sendo o PS um partido de liberdade e de democracia, esteja a ser objeto de procedimentos e decisões que não se compaginam com os valores de Abril, nem com os ideais Socialistas e revelam desconsideração para com a Concelhia, reduzindo-a a mera caixa de ressonância em todo o processo Autárquico.
Em função de todo este processo, invocando “falta de respeito e enxovalho’’ político, o Presidente da Concelhia Luciano de Jesus apresentou a sua demissão do cargo e a sua desvinculação do PS, afirmando que não o fazia de livre vontade, nem de ânimo leve, devido ao longo historial familiar e politico ligado ao PS, mas por não lhe restar outra solução.
Na sequência da decisão de Luciano de Jesus, a Presidência da Comissão Política do PS Olhão, foi estatutariamente, assumida por Esmeralda Ramires que reiterou a legitimidade e legalidade que advêm dos Estatutos do PS para que o órgão a que ora preside conduza o processo autárquico.
Esmeralda Ramires aguarda assim que a estrutura regional compreenda que, para o PS Olhão e para os seus militantes, acima de tudo, estão os interesses do Partido e de Olhão e que atue em conformidade.
Por: PS Olhão
Carta aberta aos Militantes
Olhão, 31 de Maio de 2017
Caros e Caras Camaradas,
Amigos e Amigas,
Hoje cesso funções enquanto Presidente da Concelhia de Olhão do Partido Socialista.
Quarenta e três anos após o 25 de Abril, as práticas antidemocráticas dos atuais representantes do PS Nacional e Regional transformaram as estruturas locais em meras repartições administrativas, úteis na prossecução dos fins por eles determinados, mas inconvenientes na hora de tomar decisões. Olhão e a sua Comissão Política ousaram tomá-las, ousaram deliberar sobre assuntos que lhes estão cometidos, nos termos dos Estatutos do PS, e por isso pagaram o preço da avocação e do ultraje público.
Como Regionalista convicto, Olhanense e Socialista de Berço não o poderia permitir.
Por Olhão, não poderia ficar quieto.
Durante meses, como Presidente do PS Olhão, para percebermos as nossas melhores opções às Autárquicas de 2017, auscultei Camaradas nossos, forças vivas da Cidade – empresários, associações e clubes - e várias personalidades pela sua ligação ao PS e pela importância que têm na nossa Comunidade.
Após esse trabalho, por várias vezes tentámos chegar a acordo com o atual Presidente do Município, não tendo o mesmo sido possível devido à sua intransigência e à tomada de decisões unilaterais neste processo, facto que por si só contraria o previsto nos estatutos. Apresentei os candidatos, à CPC do PS Olhão no dia 03 de Maio de 2017, tendo os mesmos sido aprovados.
Como sabem este processo foi avocado pela Federação do Algarve, pelo que serão estes os únicos responsáveis pelos resultados eleitorais do PS no Concelho de Olhão no próximo ato eleitoral de Outubro de 2017.
Este triste fim teve um início. Durante este mandato, comigo e com o anterior presidente, foram diversos os momentos em que discordámos com o rumo da política dos nossos representantes para a nossa Cidade de Olhão. Não concebo Olhão sem uma ligação à sua identidade, sem a preservação da sua história e cultura, enfim, da sua Alma.
Assim o fiz, na luta pela manutenção da circulação do Túnel de Olhão, principal artéria da cidade e cujo fecho prejudicaria milhares de Olhanenses, criando um ‘’Muro de Berlim’’ na nossa Cidade.
Assim o fiz, quando lutámos por um plano de pormenor da Zona Histórica que não permitisse construções sem nexo e desadequadas, como era a possibilidade de construção de um miradouro de 5 andares no centro histórico.
Assim o fiz, quando não permitimos a massificação de betão, junto ao Hotel (antigo Largo da Feira), que é uma das zonas com mais potencial de lazer da cidade e que deve ser aproveitada não só pelos visitantes mas também e principalmente pelos Olhanenses.
Assim o fiz, quando na Junta de Freguesia de Olhão aprovámos a classificação como Património Municipal da antiga Recreativa Olhanense (mais conhecida como “Recreativa Rica’’), para envio ao Município, evitando uma venda a especuladores e a edificação descaracterizada, como está a acontecer no lote do antigo Cinema/Esplanada.
Muitos mais exemplos poderiam ser dados. Mas o atual Presidente era e é a favor de tudo isto…
É claro, todas estas tomadas de posição vincadas e veementes, em defesa de Olhão e dos olhanenses têm o seu preço e reclamam o ódio de quem pretendia outro caminho. Com esta posição, o PS Regional, que desconhece a nossa realidade, os nossos receios, os nossos sonhos, e acima de tudo o nosso potencial, preferiu privilegiar a autocracia, o autoritarismo e o “quero, posso e mando”.
Por Olhão, não tinha outro caminho e não vou aceitar este desfecho!
Embora esteja de saída dos corpos militantes do PS Olhão, continuo e continuarei, sem hesitar, a ser fiel aos princípios socialistas. Com esta difícil decisão, que fui obrigado a tomar, não bato com a porta, antes pelo contrário, lutarei como sempre pela defesa de Olhão e dos Olhanenses. Se é este o caminho possível, que o seja. Olhão é mais importante!
Nos tempos que correm e principalmente ao nível local o mais importante são as pessoas e posso afirmar que em Olhão, temos dos melhores quadros políticos do partido no Algarve. Infelizmente, muitos deles também não têm sido tratados com a dignidade que merecem pelas estruturas do PS.
Reafirmo, não concebo o desenvolvimento de Olhão sem uma ligação à sua identidade, sem a preservação da sua história e cultura, enfim, da sua Alma.
‘’Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado!’’ (Rui Barbosa)
Luciano Jesus