As desigualdades sociais cresceram em Portugal desde 2011, fruto de políticas que contribuíram para a inversão da tendência de redução das assimetrias sociais, sublinhou Farinha Rodrigues na conferência-debate promovida pela Federação Regional do Partido Socialista em Olhão.
Carlos Farinha Rodrigues, professor do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa e responsável pelo estudo “Desigualdades Sociais”, desenvolvido pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, desmontou vários mitos criados pelo atual Governo e pelas instituições internacionais.
Salientando que Portugal está entre os países da União Europeia que apresentam maiores desigualdades, Carlos Farinha Rodrigues responsabilizou as políticas do Governo que provocaram o aumento de desemprego e das desigualdades existentes, quebrando a tendência de decréscimo destas assimetrias sociais resultante das políticas implementadas por anteriores governos socialistas.
“Neste momento”, acrescentou, “o emprego por si só não combate a pobreza e os efeitos das políticas adotadas nos últimos três anos fizeram-nos recuar 10 anos. E não é verdade que as famílias e os indivíduos mais pobres tenham sido preservados. Basta vermos que os 10% mais pobres viram o rendimento descer cerca de 19%, enquanto os 10 % mais ricos apenas foram afetados em 6% no seu rendimento”, continuou.
Neste contexto, defendeu como um dos desígnios do futuro governo o combate à pobreza infantil, sublinhando que as famílias com crianças foram as mais afetadas pelas políticas sociais deste Governo.
O professor considerou primordial voltar a apostar em políticas públicas baseadas no reconhecimento de direitos e recuar nas políticas assistencialistas porque estas, “sendo menos eficientes socialmente também o são economicamente, uma vez que o Estado despende mais”.
Também presente na conferência-debate Eduardo Andrade, presidente do secretariado distrital de Faro da União das Misericórdias Portuguesas, identificou uma efetiva desadequação entre os equipamentos sociais existentes no terreno e as necessidades reais da população, salientando a deficiência nas respostas em termos de lares de terceira idade e de unidades de cuidados continuados integrados.
A sua intervenção terminou com a defesa de uma política social ativa, na qual os cidadãos que carecem de apoio social são motivados a promover a sua própria integração e a mudar de situação, sendo que também compete ao Estado promover esta responsabilização nas pessoas, agindo de forma coordenada com as Autarquias Locais e as instituições das redes sociais.
No início da sessão, o Presidente do PS-Algarve, António Eusébio, elaborou um retrato das preocupações dos dirigentes e autarcas socialistas, alertando para o agravamento da pobreza, a diminuição das prestações sociais, o aumento do número de famílias acompanhadas e o alastramento dos casos de exclusão social, como resultado de políticas centralistas que se traduzem no abandono das famílias algarvias e ignoram o esforço das autarquias locais na redução dos problemas sociais.
Este Ciclo de Conferências, que prossegue no próximo sábado, dia 21 de março, em Loulé, pretende aprofundar o conhecimento da realidade regional, identificar as fragilidades locais e preparar as melhores estratégias para colmatá-las, valorizando as experiências e as potencialidades existentes na região, através do envolvimento das estruturas regionais e locais com o PS-Algarve e as entidades e instituições da sociedade civil.
Por: PS-Algarve