O PS de Castro Marim anunciou a retirada da confiança política à presidente da Junta de Freguesia de Altura, após votações contrárias ao partido em Assembleia Municipal e depois de esta aceitar ser adjunta do presidente da Câmara (PSD).

Nélia Mateus, presidente da junta de Altura - a única freguesia do concelho de Castro Marim localizada no litoral – assegurou, no entanto, à agência Lusa, que não se vai demitir, como pediu o PS, e rejeitou os argumentos dados pela presidente da comissão política concelhia socialista, Célia Brito, para a retirada da confiança política.

“A senhora presidente da Junta de Altura contrariou por duas vezes a posição de voto acordada pelo grupo socialista nas reuniões preparatórias das Assembleias Municipais. O PS tinha a maioria, com 10 eleitos contra nove, e ela votou ao lado do PSD e fez com que este balanço de forças de invertesse e fossem aprovadas as propostas social-democratas”, explicou Célia Brito à Lusa.

A mesma fonte disse que, “depois disto, aceitou o cargo de adjunta do presidente da Câmara”, Francisco Amaral (PSD), e isso “foi a gota de água” para o PS local, que “lhe retirou a confiança política”.

Célia Brito precisou ter estado em causa as votações sobre valores de IMI e IRS propostos para o orçamento municipal de 2016, “nos quais o PS previa uma redução para 0,35% e 0,25%”, respetivamente, enquanto o PSD mantinha os valores em 0,40% e 0,45%.

Nélia Mateus garantiu que, “evidentemente, não” se vai demitir do cargo de presidente da Junta de Altura, rejeitou as críticas dirigidas pela comissão política concelhia do PS de Castro Marim e disse que “foi eleita para defender os alturenses e não um partido político”.

“Sirvo a população da terra onde nasci, cresci e vivi durante 53 anos e tenho votado consoante o que acho que é justo e benéfico para os alturenses”, afirmou Nélia Mateus.

A presidente da Junta de Altura acusou Célia Brito de não estar a ser exata nas suas declarações, porque “não foi a votação nenhuma proposta do PS e a única proposta apresentada foi a PSD” e sublinhou que votou a favor “dos valores de IMI e IRS que já tinha sido aprovados para o orçamento de 2015 e se mantiveram para 2016”.

“Mantive durante vários anos uma dispensa solidária em Altura, paga por mim e com a colaboração de outras pessoas, e quando o presidente assumiu funções disse que isso não poderia continuar a ser assim e celebrou um protocolo com a junta para prestar apoio na freguesia. E esses valores do IMI revertem para a ação social”, justificou Nélia Mateus.

A mesma fonte argumentou ainda que aceitou o cargo de adjunta do presidente da Câmara algarvia por considerar que “é importante” a sua presença na autarquia “junto do presidente e dos vereadores para ajudar a população de Altura”, considerou que não cometeu “crime nenhum” e disse não estar preocupada com a retirada de confiança política.

 

Por: Lusa