Nos versos dos papelinhos
Que há presos aos manjericos,
Vão sempre alguns recadinhos
Das moças p’ros namoricos.
Peço ao Santo neste dia
Para arranjar quem me queira,
Não quero ficar p’ra tia
Nem tenho jeito p’ra freira.
Esta noite vou rezar
A Santo António bendito,
Para ele me arranjar
Um moço rico e bonito.
Ai meu rico Santo António
Que saudades do tostão,
Meu noivo é um demónio
E sem um euro na mão.
Santo António brincalhão,
Só quer arranjar maridos,
Às meninas de calção,
E com decotes compridos.
Para arranjar quem me queira
Óh meu qu’rido S. António,
Já saltei muita fogueira
Já fiz coisas do Demónio.
A S. António, com medo,
Toda a verdade contou,
Quando lhe disse o segredo
Até o Santo corou.
Lá na festa ao escur´cer,
Beijaste-me com loucura!...
S. António veio a correr,
P’ra por água na fervura...
Quando a fogueira saltaste
Houve grande burburinho,
Eu não sei o que queimaste,
Mas pelo cheiro adivinho.
Santo António já não tem
Para todas um marido,
Porque há homens que também
Lhe fazem esse pedido.