Em março do presente ano, num cato oficial com vista a dar posse ao Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve, o Ministro da Saúde, Adalberto Marques Fernandes, declarou que “Eu comprometi-me que, até 31 de maio, nós não entraremos no verão com dificuldades inaceitáveis no Algarve”.”
Foi assim que o deputado do PSD, Cristóvão Norte iniciou a sua intervenção na audição aos membros do Conselho de Administração do CHA, realçando que se é verdade que se regista um problema crónico de recursos humanos no CHA, em particular anestesistas, ortopedistas e pediatras, também não é menos verdade que o clima de confrontação que se vive, marcado por uma vaga de demissões e cartas públicas de médicos a manifestar descontentamento, não ajuda a que a situação se desanuvie. Para exemplificar, o deputado recorreu a dados oficiais do ACES, os quais atestam que o Centro Hospitalar do Algarve, face ao mesmo período em 2015, realiza menos 12, 5 % de cirurgias programadas, 7,5 % de cirurgias urgentes, 7,5 % de primeiras consultas, entre outros indicadores que recuam e demonstram um menor volume de oferta assistencial.
Cristóvão Norte também mostrou a sua preocupação perante as dificuldades que se avolumam na neurocirurgia, explicando que a rutura dessa especialidade, a suceder, pode conduzir a aumentos de morbilidade e mortalidade, fazendo regredir a região já qua a janela terapêutica desses pacientes não é compatível com deslocações de 300 km. O PSD, como sempre, alertou que o Algarve sofre estruturalmente de uma crónica escassez de médicos e que, por isso, sem resolver esta debilidade as dificuldades não seriam superadas.
Foi recentemente tornado público um conjunto de demissões de Diretores de Serviço - Urgências, Neurocirurgia e Ortopedia – facto que determinou que o Presidente do conselho de Administração, em declarações públicas, aludisse a que "A saída de profissionais e as necessidades de resposta a agravarem-se provocaram situações de mal-estar, visto os médicos não conseguirem desempenhar, da melhor forma, as suas funções.” O Presidente do CA reconheceu falhas, embora tenha defendido o atual modelo. O PSD continua a acompanhar o problema que reitera ser estrutural – basta atentar na disparidade de 17 anestesistas Algarve e 110 em Coimbra, facto que impede a realização de operações e tendencialmente elimina a idoneidade dos serviços o que a prazo afasta a fixação de médicos – e assume o propósito de contribuir para a solução do problema.
Por isso, Cristóvão Norte e José Carlos Barros questionam o Governo sobre quando haverá médicos suficientes, que medidas já foram e serão tomadas e quais os efeitos que delas se esperam. O cariz excecional de protocolos celebrados com unidades fora do Algarve, que já nasceu há alguns anos, não é o antídoto para debelar o problema, pois só pode ser transitório e não definitivo, sob pena deixar o Algarve mais longe da saúde.
José Carlos Barros, na audição com a ARS, levantou a questão do CMR Sul, S.Brás de Alportel, manifestando a sua estranheza pelo facto de não haver ai nada uma solução e defendeu que a solução a adotar deve conservar a autonomia de gestão da unidade, o que perante as declarações recentes do Ministro pode estar posto em causa.
Por PSD/Algarve