Para Júlia Machado, psicóloga do Hospital Lusíadas Porto, "é comum, na nossa sociedade, que ao idoso estejam associados conceitos como inatividade, doença, demência e assexualidade mas esta não é a realidade. A maior parte dos idosos mantém o interesse e as capacidades sexuais até idades muito avançadas e não deve ser discriminado sexualmente”.
A psicóloga refere ainda que “do ponto de vista médico, o papel da sexualidade após os 60 anos é de extrema importância para a saúde física e psíquica e mesmo sendo menos arrojado, é extremamente válido e importante para a manutenção da saúde”, acrescentando que “fazer sexo nessa fase da vida significa ter saúde, pois quando a sexualidade passa a ser assunto problemático é sinal de alerta”.
De acordo com Joaquim Gonçalves, coordenador da Unidade de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Lusíadas Porto, “após os 60 anos há um sentimento de resignação. Muitas mulheres acabam por confirmar na consulta de ginecologia que não têm atividade sexual há anos, mas revelam-se também completamente acomodadas a esse facto e é aí que surge o problema”.
Para o especialista, “a terceira idade não é assexuada, exige obviamente uma nova aprendizagem e adaptação. É claro que as mudanças sexuais são uma realidade, mas o prazer está lá. É importante fazer sentir que o sexo não tem idade, que terá de ser vivido de modo diferente, agora adaptado à nova condição física, mas poderá igualmente gerar bem-estar e prazer”. Joaquim Gonçalves esclarece que "ainda há muito pudor e muita timidez em relação à sexualidade, por isso temos que ter tempo suficiente para dialogar e tentar encontrar para o casal a melhor solução”, reforçando ainda que “ a medicina dispõe atualmente de recursos capazes de ajudar a vida sexual das pessoas em idade avançada”.
Falar das próprias limitações no campo da sexualidade não é fácil para ninguém e as gerações mais velhas são, naturalmente, aquelas que se sentem mais constrangidas perante o tema e que mais dificilmente sabem lidar com as limitações que a natureza lhes vai impondo.
O ginecologista não tem dúvidas: “são as mulheres que mais falam de sexualidade com o seu médico. A população masculina opta, na maioria das vezes, pelo silêncio, ou porque o tema é delicado e íntimo ou porque sente que o médico pode pensar que as suas questões são desadequadas devido à sua idade”.
Por: LPM Comunicação