António Hilário, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE Sul), disse à agência Lusa que “já foram feitos dois pedidos de reunião à administração da empresa”, mas “ainda não houve qualquer resposta” que permita aos trabalhadores saberem quando vão receber os salários em atraso.
A Litográfica do Sul tem cerca de 40 trabalhadores, mas apenas metade terá recebido o salário de janeiro, segundo o dirigente sindical, que qualificou a situação que se vive na empresa como “estranha”, porque “nada fazia pensar que isto pudesse acontecer”, uma vez que “há encomendas, embora faltem matérias-primas”.
“O que se passa neste momento é que há trabalhadores que ainda não receberam o salário de janeiro, mas há outros que receberam. Vamos esperar por sexta-feira para ver concretamente o que vai acontecer”, afirmou António Hilário, numa referência ao dia 28, no qual os funcionários já saberão se lhes foi ou não pago o mês de fevereiro.
O dirigente sindical frisou que, além das reuniões que já foram pedidas à empresa, o sindicato solicitou também à Autoridade para as Condições do Trabalho para marcar uma reunião entre a administração da empresa e as organizações de representação dos trabalhadores.
António Hilário advertiu que, “se não houver uma luz ao fundo do túnel, a situação irá piorar e os trabalhadores irão tomar medidas mais graves”, embora sem especificar quais.
O sindicato esteve reunido com os trabalhadores, em plenário, na quarta-feira, no mesmo dia em que a Assembleia Municipal (AM) de Vila Real de Santo António aprovou, por unanimidade, uma proposta de resolução da CDU a solicitar a intervenção da câmara e do Governo para a “salvaguarda dos postos de trabalho na Litográfica do Sul”.
Na proposta aprovada pela AM, a que a Lusa teve acesso, pode ler-se que os trabalhadores estão “a enfrentar grandes dificuldades” por ainda não lhes terem pago os salários e pela “falta de esclarecimento por parte da entidade patronal sobre os motivos” do atraso.
O problema “é agravado” por “aparentemente não faltarem encomendas, mas não haver disponível matéria-prima para laborar”, referiu ainda a AM no texto, frisando que a situação pode “arrastar a empresa para a beira do abismo”.
A AM considera que “a Câmara Municipal tem a obrigação, dentro das suas competências de fomento da economia, de intervir junto da administração da empresa no sentido de se evitar o encerramento”.
O órgão municipal considerou ainda que “a Litográfica do Sul tem uma importância fundamental para o concelho” e, por isso, “faz todo o sentido que o Governo, que não tem hesitado em auxiliar a banca com milhões de euros, se empenhe agora em apoiar a empresa, caso esta venha a necessitar, para prosseguir a sua atividade”.
A Lusa tentou obter uma reação da administração da empresa, mas sem sucesso.
Por: Lusa