Os cenários pós-eleitorais foram ontem retomados na campanha eleitoral, com a CDU a admitir contactos com o PS, os socialistas a acusarem a coligação de serem radicais e o BE a não levar a sério o primeiro-ministro sobre consensos.

Num almoço-comício em Loures, o secretário-geral do PS acusou PSD e CDS-PP de serem radicais no seu "próprio campo político" e de, enquanto Governo, terem sido "implacáveis" com todos.

"É essencial que quem vença [as eleições] não sejam os radicais do seu próprio campo político, mas aqueles que, no conjunto da sociedade portuguesa, têm capacidade de promover o diálogo", declarou Costa, sublinhando que o PS é um partido capaz de criar "pontes de convergência com o conjunto da sociedade".

Em Lagos, e depois de ter sido abordado por populares e comerciantes sobre entendimentos com António Costa, o líder da Coligação Democrática Unitária reconheceu manter contactos com o PS, sem se tratar de negociações, e considerou que nem socialistas nem a coligação PSD/CDS-PP terão maioria, com a abstenção a "tocar a todos".

"Contactos informais e até formais têm existido sempre. Não temos relações cortadas", disse Jerónimo de Sousa, embora esclarecendo que "não há aqui nenhum processo de negociação esmiuçado". A CDU nunca fugirá "a um diálogo sincero que procure soluções para o país".

Já a porta-voz do Bloco de Esquerda afirmou não ser possível levar a sério um primeiro-ministro que disse querer consensos ou alargar conversas, mas nem sequer foi capaz de conhecer a Constituição.

Em Olhão e questionado sobre a disponibilidade manifestada por Passos Coelho para compromissos com todos os partidos com assento parlamentar após as legislativas, Catarina Martins afirmou: "é possível levar a sério um primeiro-ministro que depois diz que quer consensos ou alargar conversas com outras forças políticas quando nem sequer o respeito básico pelo Estado de direito democrático, que é conhecer a Constituição, foi capaz?".

Num almoço com empresários em Oliveira de Azeméis, Passos Coelho anunciou que, segundo informação governamental, cerca de 1.200 milhões de euros de fundos europeus serão pagos às empresas até ao final deste mês.

O secretário-geral do PS e num comício, na Amadora, perante centenas de idosos, criticou a lógica de "cada um por si" do Governo e defendeu a conceção solidária de "família" na governação do país.

O sexto dia de campanha ficou também marcado pelas agressões na arruada em Espinho da campanha da coligação PSD/CDS, os números da execução orçamental e a possível devolução 35,3% da sobretaxa de IRS em 2016.

A este respeito, Passos Coelho rejeitou qualquer eleitoralismo na questão da eventual devolução da sobretaxa do IRS, defendendo que se trata do cumprimento dos objetivos do Orçamento do Estado para 2015.

O BE considerou que se o anúncio da devolução da sobretaxa de IRS paga em 2015 "fosse a sério seria eleitoralismo", mas sendo falso "é falta de vergonha na cara por parte de Pedro Passos Coelho".

Antes do anúncio oficial do Ministério das Finanças, o coordenador económico do PS, Mário Centeno, acusou o Governo de fazer um "exercício de cosmética" com a devolução da sobretaxa de IRS que terá "custo zero" porque PSD e CDS-PP "não vão ganhar as eleições".

 

Por: Lusa