A Infraestruturas de Portugal (IP) adiantou que a greve de hoje suprimiu 24% das ligações ferroviárias previstas, sobretudo devido ao longo curso, já que os Urbanos de Lisboa e Porto realizaram mais de 90% dos serviços.

"Até ao meio dia foram realizadas 76% de todas as ligações ferroviárias previstas", disse fonte oficial da IP à Lusa, complementando informação anterior de que "foi assegurada a realização de 99% dos comboios urbanos de Lisboa previstos", incluindo todos os serviços da Fertagus e da CP na linha de Cascais e na linha de Sintra.

No Porto, "a taxa de circulação de suburbanos até às 12:00 foi de 93% (com supressão parcial de ligações entre Caíde e Marco de Canaveses, da ligação de São Bento a Marco de Canaveses)", de acordo com o documento.

A empresa gestora da rede ferroviária assinala ainda que no tráfego regional "estão a ser asseguradas a 100% as ligações na Linha do Algarve e a 90% nas da Linha do Vouga", sem fazer menção às supressões de comboios nos vários serviços de longo-curso (Alfa e Intercidades).

Em declarações à Lusa, o sindicalista António Pereira, do Sindicato Independente Nacional dos Ferroviários (SINFB) confirmou os números da IP relativamente aos Urbanos, mas assinalou que "tudo o resto foi suprimido", ou seja, Interregionais, Regionais, Alfa e Intercidades, e também o comboio internacional Celta, que realiza o percurso Porto Campanhã - Vigo.

António Salvado, do Sindicato Independente dos Trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins (SINFA), atribuiu o cumprimento das circulações em Lisboa à automatização da operação, e está "a ser assegurada pelos trabalhadores do CCO [Centro de Comando Operacional]".

"Por outro lado, há estações como Alcântara-Mar e Lisboa Santa Apolónia em que substituíram os trabalhadores em greve por chefias intermédias, que ilegalmente estão a assegurar a saída dos comboios urbanos", contestou.

Já Júlio Marques, da Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária (ASCEF), justificou as supressões nos Urbanos do Porto, particularmente no eixo Porto - Marco de Canaveses, devido à operação com recurso a cantonamento telefónico em parte do percurso.

"Nesse troço, os comboios estão a fazer-se só até Caíde [Lousada]. Há a possibilidade, durante a tarde, de isso melhorar, mas para já a informação é que os comboios da linha do Douro não passam de Caíde", referiu.

Júlio Marques antecipou ainda que seja possível "fazer algum tipo de circulação" no troço entre Nine e Viana do Castelo (linha do Minho), mas ainda sem garantias.

O sindicalista disse que a greve "não se manifesta só a nível de circulação", mas também em "diversas ordens de serviço para manutenção das linhas e das instalações" não levadas a cabo pela IP devido à greve.

Os trabalhadores da IP cumprem hoje mais um dia de greve, reivindicando melhores condições laborais, nomeadamente, o aumento dos salários, depois de já terem parado em 02 e 28 de junho.

Num aviso enviado aos clientes, a CP - Comboios de Portugal informou que esta paralisação, que termina às 24:00, poderá ter impactos ainda no sábado.

"Os trabalhadores da IP e das suas participadas não aceitam a discriminação praticada pelo Governo e aceite pela empresa que decide pelo aumento de salário para 308 dos seus 3.784 trabalhadores", defendeu, em comunicado, a plataforma sindical.

As reivindicações em causa prendem-se com o aumento de salários para todos os trabalhadores, o cumprimento integral do clausulado do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), a negociação coletiva como "fator de resolução e prevenção de conflitos", a atualização do valor do subsídio de refeição e a integração do abono de irregularidade de horário no conceito de retribuição.

Por outro lado, reclamam a atribuição de concessões de viagem na CP - Comboios de Portugal a todos os trabalhadores da IP e suas participadas, a aplicação integral do ACT em vigor na IP aos trabalhadores do quadro de pessoal transitório, a abrangência das deslocações e horas de viagem a todos os trabalhadores e o ajuste do subsídio de refeição nas ajudas de custo.

Os trabalhadores protestam também "contra a falta de produtos de limpeza e higiene e por melhores condições de higiene e segurança nas instalações sociais e nos locais de trabalho".

 

Por: Lusa