Por F. Inez

Não sei se esta palavra … telemóvelomania …  já existe, mas sei, tenho a certeza de que toda a gente sabe o que ela significa! Vou mesmo arriscar que ainda não existe, mas tenho também a certeza de que, mais cedo ou mais tarde, vai ter que passar a existir! Vou ainda acrescentar que em matéria de fobias e manias ligadas a esse objeto mágico que dá pelo nome de telemóvel, a palavra que já existe é a nomofobia, termo que deriva da expressão inglesa no mobile que significa o medo, o receio de ficar sem o telemóvel, a ansiedade de se separar do telemóvel ou de outros quaisquer equipamentos eletrónicos como o computador. Todos nós, humanos, somos seres eminentemente sociais … animais que precisamos de outros membros da nossa espécie para nos sentirmos felizes … como no século III aC já nos dizia Aristóteles … precisamos de viver em bando … sozinhos ficamos tristes … juntos sentimo-nos protegidos.

O telemóvel é hoje uma companhia mais ou menos inseparável de cada um de nós. Ninguém sai ou se afasta de casa sem levar consigo esse objeto mágico. A História da comunicação humana desde tempos ancestrais é fascinante. O homem primitivo não falava, comunicava por meio de gestos e gritos. A era da fala parece só ter começado há entre 40 a 90 mil anos.  O homem de Cro-Magnon … contava as suas histórias fazendo desenhos nas cavernas … as célebres figuras rupestres … e há 5 mil anos apareceram os hieróglifos da civilização egípcia.  Só muitos séculos mais tarde depois de ter sido inventada a escrita, Guttemberg proporcionou a tipografia, mais tarde Bell inventou o telefone e sucessivamente foram aparecendo o telégrafo, a radio e a Televisão.

Mais recentemente a eletrónica trouxe-nos os chips e a linguagem dos computadores e finalmente chegou a internet. Hoje … milagre dos milagres … a fibra óptica e os satélites das telecomunicações permitem a comunicação móvel instantânea do som e da imagem … a milhares de quilómetros de distância e do outro lado do mundo … pelos telefones celulares … autêntica ficção científica que todos nós trazemos no bolso ou temos ao alcance das nossas mãos. Os progressos que a Ciência em todas as suas áreas já hoje alcançou, é de tal modo fascinante que já nos deixámos de surpreender, no dia a dia, com a notícia de novas descobertas e avanços que nos chegam pela comunicação social. Vivemos hoje um mundo em que a própria realidade parece ter entrado definitivamente na esfera da ficção! É esse o caso dos smartphones que passaram hoje a ser companheiros virtuais inseparáveis de todos nós. Permitem-nos entrar em contacto instantâneo com o canto mais remoto do nosso Planeta! São uma ferramenta de comunicação poderosa que mudou a forma como as pessoas interagem umas com as outras. Acelera vertiginosamente a partilha da informação … mas lá vem inevitavelmente, uma vez mais, o velho ditado … não há bela sem senão!

Não obstante todas estas maravilhas o seu uso excessivo ou a sua utilização ingénua, em particular pelos muito jovens ou adolescentes, pode afetar negativamente a saúde mental e originar depressão, ansiedade e outras situações bem mais graves como o cyberbulling … que in extremis, pode levar ao suicídio, sobretudo dos adolescentes que chegam a passar horas sem fim agarrados ao telemóvel, prejudicando inclusivamente as suas horas de sono. Têm seguramente muitos aspetos positivos …meio eficiente de interligar pessoas e grupos, dar oportunidade aos sem voz … proporciona reencontros … mudou definitivamente a forma como as pessoas interagem umas com as outras. … é o caso das plataformas WhatsApp, Instagram, Facebook, Twitter, Youtube e outras. Não obstante serem descritas como mais viciantes do que o tabaco e o álcool, elas constituem hoje uma revolução na interação das pessoas umas com as outras.

São um espelho da sociedade em que vivemos. Os smartphones colocam o mundo nas mãos dos consumidores, são fonte de entretenimento, permitem encontros informais, mas também veiculam falsa informação com muita frequência. Um dos sintomas do nosso tempo, o chamado “multitasking” … a execução de múltiplas e muito breves tarefas ao mesmo tempo … naturalmente cada vez com menos concentração … e com menos produtividade, … o que parece resultar da multiplicidade das novas tecnologias … de entre elas o vício do entretenimento com as redes sociais. Uma das consequências parece ser a dificuldade de hoje se conseguir ler um livro do princípio até a fim … o que requer tempo e concentração. É hoje frequente ver famílias inteiras, ao lado uns dos outros, em silêncio e de telemóvel na mão … hoje come-se com a colher ou o garfo numa das mãos e o telemóvel na outra. Mas as descobertas da Ciência não pararam aqui … mais ano menos ano, um dia vai surgir  uma nova descoberta que irá destronar este miraculoso objeto …