Os trabalhadores da Unicer Assistência Técnica (AT) iniciaram uma greve às horas extraordinárias, reclamando a integração no acordo coletivo de trabalho do grupo Super Bock, que se afirma disponível para negociar, mas lembra que tem empresas com regulamentação coletiva própria.

Num comunicado divulgado hoje, após uma ronda de plenários realizados na segunda-feira no Porto, Santarém, Lisboa e Algarve, o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (Sintab) justifica o recurso à greve “com o facto de, desde o início das negociações, após entrega do caderno reivindicativo, a empresa não ter feito nenhum avanço no sentido de aproximação a um possível acordo”.

Segundo o sindicato, o Super Bock Group tem, “pelo contrário, feito tudo para atrasar e prolongar o processo no tempo, refutando e desvalorizando cada um dos pontos reivindicativos e desrespeitando, assim, os seus trabalhadores, numa atitude de claro desrespeito pelos seus direitos”.

Contactada pela agência Lusa, fonte oficial do Super Bock Group garante manter “uma postura de diálogo” com os trabalhadores e assegura que “o caminho de diálogo que tem privilegiado com as organizações sindicais não está terminado”.

A empresa esclarece, contudo, “existirem outras empresas do grupo não abrangidas pelo acordo coletivo de trabalho (ACT) da Super Bock Bebidas, regendo-se pelos seus próprios instrumentos de regulamentação coletiva”.

Em causa está um caderno reivindicativo apresentado em agosto de 2019 pelo sindicato à administração do grupo Super Bock, contendo quatro exigências: O alargamento da abrangência do ACT Super Bock aos trabalhadores da Unicer AT; o reforço da valorização salarial por incremento em função da senioridade; alterações à regulamentação do regime de isenção de horário praticado” (que dizem “sobrecarregar os trabalhadores com excesso de horas de trabalho”); e a valorização da remuneração do trabalho suplementar, de forma a valorizar a sua prestação efetiva e servir “de travão ao abuso” do seu recurso.

“A empresa não só menosprezou as reivindicações, como os seus responsáveis aumentaram as pressões para que se mantenha o abuso do regime de isenção de horário, não garantindo sequer aos trabalhadores o período mínimo de descanso diário, e tentaram ainda ‘decretar’ o trabalho ao fim de semana como regular e obrigatório”, acusa o Sintab.

Adicionalmente, refere, “passou a contabilizar menos meia hora para o período de almoço, mantendo os horários de entrada e saída inalterados”.

Neste contexto, os trabalhadores da Unicer AT decidiram “não prestar serviço ao fim de semana, em protesto contra os valores pagos”, que dizem já terem sido superiores no passado.

Sendo trabalhadores itinerantes, os grevistas exigem ainda “que o tempo de trabalho se contabilize a partir do momento que se deslocam do seu domicílio para os clientes”.

Em aberto os trabalhadores da Unicer AT deixam também “a possibilidade de virem a denunciar os acordos de isenção de horário”, por considerarem que “o valor definido não compensa o excesso de tempo de trabalho diário sem exceção”.

Na resposta escrita enviada à Lusa, o Super Bock Group esclarece que, “nos últimos anos, as condições retributivas praticadas na Unicer AT evoluíram significativamente acima das condições da Super Bock Bebidas”, sustentando que, “ao contrário daquilo que é afirmado na nota do Sintab, para além de várias reclassificações profissionais, as remunerações dos trabalhadores da Unicer Assistência Técnica, entre 2017 e 2020, cresceram em média 14,5%”.

Garantindo que “se mantém permanentemente atento às condições dos trabalhadores de todas as empresas do grupo”, reitera que, “independentemente do contexto verdadeiramente atípico que se vive, com impacto direto na atividade, mantém e manterá uma postura de diálogo com os seus trabalhadores e, no caso, com os trabalhadores da Unicer Assistência Técnica e organizações que os representem”.

A Unicer Assistência Técnica é uma empresa do grupo Super Bock que se dedica exclusivamente à manutenção dos equipamentos dos pontos de venda nos hotéis, restaurantes e cafés, mas também nos eventos que a marca organiza e onde se faz representar.

A empresa está implementada em todo o país, com especial incidência nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, tendo ainda um grande centro de armazenamento e de manutenção em Santarém, nas instalações da antiga fábrica de Cerveja.

 

Por: Lusa