Os integrantes da caravana de protesto saíram da sede da empresa, na zona sul de Vila Real de Santo António, pouco depois das 18:00, e realizaram um percurso que incluiu as principais artérias das três freguesias do concelho algarvio (Vila Real de Santo António, Vila Nova de Cacela e Monte Gordo) - um dos 16 do distrito de Faro.
Antes de entrarem num dos automóveis para participar na manifestação, duas trabalhadoras contaram à Lusa como têm vivido estes meses de incerteza sobre o seu futuro e o da empresa, que está com dificuldades económicas para pagar os salários e tem neste momento em atraso parte dos vencimentos de março e a totalidade de abril.
“Houve colegas que já receberam parte do mês de março, outros vão receber agora, mas continuamos na mesma situação, porque ainda falta outra parte de março e abril”, lamentou Rita Gonçalves, uma dos 44 funcionários da empresa, que estão à espera de uma decisão desde fevereiro, mês em que os incumprimentos salariais se começaram a fazer sentir, mas que foi regularizado em março.
Rita Gonçalves, que tem 30 anos de trabalho na Litográfica do Sul, empresa da área das artes gráficas e uma das principais empregadoras privadas do concelho, reconheceu que a situação que se vive já está a “afetar psicologicamente” os trabalhadores, que cumprem todos os dias horário, mas sem laborar devido à falta de matérias-primas, apesar de haver encomendas.
“E estamos nesta situação em que não se resolve o problema na empresa nem conseguimos recorrer ao fundo de desemprego”, afirmou ainda a funcionária, numa referência à impossibilidade de receber essa compensação porque também não foi declarada a insolvência da empresa.
Maria Inês Martins, com 40 anos de casa, foi outra das trabalhadoras que falou com a Lusa e frisou que à situação laboral somam-se também as “dificuldades económicas de quem tem família, chega ao fim do mês e não tem salário” para fazer frente às despesas.
Além de funcionários, participaram também no protesto de hoje, convocado pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE-Sul), dirigentes sindicais, elementos das estruturas concelhias e distritais do PCP e populares solidários com os funcionários.
A 27 de março, a administração da empresa reuniu-se com os trabalhadores e comunicou que não iria pagar os salários de março por dificuldades financeiras, estava em negociações com um investidor que permitisse restabelecer a normalidade, mas advertiu que se as conversações não produzissem resultados teria de encerrar e fazer um despedimento coletivo.
Posteriormente, foi comunicado aos trabalhadores que, até ser encontrada uma solução, poderiam ficar em casa sem penalização, mas o sindicato aconselhou os funcionários a manterem os horários laborais, situação que continua sem alterações até hoje.
Por Lusa