O protesto foi convocado para a ponte do Guadiana para coincidir com a entrada de milhares de espanhóis em Portugal para as férias da Páscoa, com as filas de automóveis de matrícula estrangeira a acumularem-se junto aos terminais de pagamento instalados a seguir à ponte, à entrada do Algarve, explicou a Comissão de Utentes da Via do Infante (A22).
A estrutura que representa os utentes da antiga autoestrada Sem Custos para o Utilizador (SCUT) considera que o novo Governo tem o seu “estado de graça a acabar” no que se refere às portagens e que chegou a altura de o primeiro-ministro, António Costa, acabar com o pagamento na A22, “como prometido pelo PS na campanha eleitoral”, disse José Domingos, da Comissão de Utentes, aos jornalistas.
“Não, não está a desistir. Eu saio daqui e quando chego ali ao café toda a gente nos elogia pelo trabalho que temos feito, mas depois não vêm”, respondeu José Domingos quando questionado sobre se a participação de uma dezena de veículos no protesto era sinónimo de desistência por parte da população algarvia.
José Domingos disse que, “as pessoas que há um ano não apareciam e diziam que não valia a pena” protestar, “vêm agora chatear a cabeça a perguntar como é, porque o Governo mudou”.
“O governo alterou-se mas os políticos pouco alteraram. Há políticos que foram eleitos para a Assembleia da República em representação do Algarve e votaram a favor das portagens, como no caso do PS e do CDS-PP”, exemplificou, referindo-se à votação sobre a suspensão das portagens realizada na segunda-feira, no parlamento, e reprovada com os votos destes partidos, a abstenção do PSD e os votos favoráveis do PCP, BE e PEV.
Por isso, a Comissão de Utentes considera que é necessário “não deixar isto por mãos alheias e continuar a lutar” para alcançar o objetivo de acabar com as portagens, disse José Domingos
“Muitos deputados do PS estão a envergonhar o Algarve, porque deviam votar contra as portagens e votam a favor, enquanto na campanha eleitoral andaram a dizer que iam reduzir ou retirar as portagens, isto é uma vergonha e uma falta de respeito pelos algarvios”, afirmou ainda o dirigente da Comissão de Utentes.
Apesar dos esforços da Infraestruturas de Portugal, que colocou uma dezena de pessoas a assistir os turistas estrangeiros que chegavam aos terminais de pagamento, houve espanhóis que lamentaram à agência Lusa a “confusão” para fazer o pagamento das portagens no sistema de cobrança eletrónico instalado na A22.
Emilio Ortiz foi um desses casos, veio de Sevilha e disse à Lusa que não estava incomodado pelos tempos de espera, que no seu caso não superou os 20 minutos, mas sim pela “instruções erradas que deram à entrada do parque onde é feito o pagamento”.
“Chegámos ali e disseram-nos para entrar por este lado, mas agora vimos que por aqui também não se paga, porque este é o acesso para o parque de estacionamento e o posto de polícia. E fazem-nos passar por cima do passeio para regressar à fila de pagamento”, criticou.
Por Lusa
