Centenas de chineses que aderiram aos vistos gold sentem-se «enganados por Portugal». Em causa estão atrasos de meses ou mesmo um a dois anos no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) para renovar os respetivos vistos vistos.

Os cidadãos chineses recordam que fizeram investimentos de milhões de euros – os vistos são entregues, sobretudo, após a compra de casas que custem pelo menos 500.000 euros – e que agora nem podem entrar em Portugal a não ser pela via normal para qualquer estrangeiro. A história já chegou ao meios de comunicação social da China, o que dá uma péssima imagem do país, escreve a TSF.

Um dos exemplos dados pela publicação é o de Jiaojiao Yao, de uma empresa de investimentos imobiliários no centro de Lisboa. Há três anos a procura de chineses por vistos gold era louca, mas hoje, com a má fama de Portugal na China, são raros os novos clientes. Jiaojiao Yao disse que já não sabe o que dizer aos investidores: “É ridículo. Já fizeram o investimento, estamos fartos de esperar e as pessoas sentem-se enganadas”, referiu.

Quem tem um visto gold deve vir a Portugal pelo menos sete dias por ano, mas sem a renovação estes cidadãos chineses têm de pedir um visto normal. Casos que são ainda mais complicados se existir um filho a estudar na Europa, pois não podem ir à China sob pena ficarem impedidos de voltar.

O presidente da Liga dos Chineses em Portugal confirma que tem conhecimento de centenas de casos do género. Segundo Y Ping Chow, o dinheiro já está no país e na China a ideia que passa é que Portugal andou a enganar os chineses: “Os ministros e vice-primeiros-ministros anunciaram o golden visa e a comunidade chinesa em Portugal fez esforços para trazer investidores, mas agora para eles é uma ‘propaganda falsificada’”.

O responsável adianta que tudo se complicou depois de em 2014 o diretor do SEF e um chinês terem sido presos por um alegado caso de corrupção nos vistos gold: “Desde esse momento os dirigentes do SEF têm muito medo de encontros com chineses, o que é um sinal de falta de credibilidade de si próprios”.

Em resposta enviada à TSF, o SEF admite “algum atraso nas renovações” das chamadas Autorizações de Residência para Atividade de Investimento (também conhecidas como vistos gold), o que levou à adoção de “medidas de reforço”, como um grupo de trabalho que tem contribuído para acelerar o processo. Além disso, existe “um plano de recuperação de pendências”, com o SEF a garantir que “até ao final deste ano as renovações estarão atualizadas”.

A entidade recusa, no entanto, a acusação de que há atrasos superiores a um ano. Estes casos estarão ligados a situações em que não foi entregue “documentação legalmente indispensável”, esclarece o SEF.

 

Por: Idealista