Os vereadores eleitos pelo Partido Social Democrata na Câmara Municipal de Loulé apresentaram em Dezembro último uma proposta para a gravação em vídeo e transmissão em direto das reuniões públicas do executivo camarário.

O principal objetivo passa por reaproximar a população à política e aos assuntos que norteiam a gestão municipal.

No texto da proposta sublinha-se que o crescente afastamento dos cidadãos se encontra “espelhado de forma preocupante nos elevados níveis de abstenção que, eleição após eleição, se têm verificado no Concelho de Loulé, e que tiveram o seu expoente máximo nas eleições do passado dia 26 de setembro”. E, de facto, os números são reveladores: num universo de quase 62.000 inscritos, votaram apenas 24.942 pessoas, pouco mais de 40%. Significa que, neste concelho, praticamente 6 em cada 10 pessoas escolheram não votar para eleger os órgãos autárquicos.

Para o PSD/Loulé, é necessário envolver os munícipes nas decisões que são tomadas e que influenciam o seu dia-a-dia, e a transmissão e gravação das reuniões públicas da Câmara Municipal seria seguramente uma forma eficaz de combater esta abstenção e reconciliar a população com a política – e principalmente com os políticos –, mostrando como são debatidas as várias questões, como e porque são tomadas as decisões e quais as suas consequências. Uma prática que é, aliás, comum noutras autarquias do País, inclusive em Lisboa, e que foi inclusive implementada há já largos anos nas sessões da Assembleia Municipal de Loulé.

Ora, o atual presidente da autarquia assim não o entendeu e não hesitou em chumbar a proposta. Vítor Aleixo, o mesmo que em campanha eleitoral não se cansava de repetir que estava “sempre com as pessoas”, afinal não parece gostar muito da transparência e de mostrar a essas mesmas pessoas as decisões que toma.

Até não seria de estranhar este chumbo – Vítor Aleixo há muito que não esconde o gosto em reprovar todas as propostas que venham da oposição -, caso não estivéssemos a falar do mesmo político que, em 2007, enquanto vereador da oposição, defendeu fervorosamente esta mesma proposta, e não apenas para as reuniões públicas, mas sim para todas elas.

O autarca socialista mostra assim, uma vez mais, a notória tendência de contradição no seu percurso enquanto político. O que hoje defende, amanhã rejeita, e o que promete em público, rapidamente esquece entre portas.

E é por isso que ficamos, afinal, por saber o que significa estar “sempre com as pessoas”.