O credenciado Jai Hindley e a esperança portuguesa João Almeida não «substituem» o ausente Remco Evenepoel, que abdicou da defesa do título na Volta ao Algarve em bicicleta e privou-a da «excelência» do seu arco-íris.

Remco é Remco, uma estrela sem par no pelotão internacional, que arrasta multidões, ainda mais este ano, em que a sua camisola de campeão mundial de fundo, assim como a vitória na Vuelta2022, funcionaram como um ‘íman’ adicional para os milhares pagos pela Volta aos Emirados Árabes Unidos para ter as principais estrelas do panorama velocipédico.

A ausência do bicampeão (2020 e 2022) deixa a ‘Algarvia’ sem defensor do título e abre uma miríade de opções para suceder ao jovem belga de 23 anos, nas quais se destaca, como não podia deixar de ser, Jai Hindley, o ‘maglia rosa’ do Giro2022 e segundo em 2020.

O australiano da BORA-hansgrohe regressa à prova portuguesa, onde esteve discretamente em 2018, com um novo estatuto, havendo uma grande expectativa quanto ao seu reencontro com João Almeida (UAE Emirates), o português que foi um dos seus principais adversários nas edições de 2022 e 2020 e é a maior esperança nacional para uma vitória final.

O consistente ciclista da A-dos-Francos (Caldas da Rainha), de 24 anos, ‘rodou’ nos troféus de Maiorca e tem na ‘Algarvia’ o seu primeiro grande objetivo da temporada, até porque no corpo trará a camisola de campeão nacional, uma das principais conquistas de um 2022 em que, apesar de ser ‘apanhado’ pela covid-19 no Giro à 17.ª etapa, quando seguia em quarto da geral, ainda foi quinto na Vuelta.

Desde que se mudou para a UAE Emirates, Almeida ainda não venceu uma corrida por etapas, uma ‘lacuna’ num currículo que inclui uma Volta à Polónia (2021) e uma Volta ao Luxemburgo (2021) e que poderá ser preenchida no regresso à prova algarvia, onde foi nono (e segundo melhor jovem) em 2020, a trabalhar para Evenepoel.

Entre os ‘pretendentes’ a suceder ao belga estão também os INEOS Michal Kwiatkowski, duas vezes vencedor da Volta ao Algarve (2014 e 2018), Daniel Martínez, terceiro na geral final do ano passado, e Thymen Arensman, sexto na Vuelta2022, e ainda o colombiano Sergio Higuita (BORA-hansgrohe), vencedor no Malhão em 2022, ou Mark Padun (EF Education-EasyPost).

Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty) está numa forma extraordinária e, depois de conquistar a Volta à Comunidade Valenciana, com ataque na última etapa, no início de fevereiro, pode ser o ‘joker’ de uma Volta ao Algarve onde até já foi terceiro (2014) e fez top 5 outras três vezes.

Mas nem só da geral se faz a ‘Algarvia’, este ano particularmente atrativa para os contrarrelogistas: numa edição que termina com um contrarrelógio individual de 24,4 quilómetros, em Lagoa, estão inscritos o campeão mundial e o campeão europeu em título, Tobias Foss (Jumbo-Visma), e Stefan Bissegger (EF Education-EasyPost), respetivamente, mas também o vice-campeão europeu e mundial, Stefan Küng (Groupama-FDJ), e o campeão mundial de 2020 e 2021 e atual recordista mundial da Hora, Filippo Ganna (INEOS).

Nos ‘sprints’, a principal figura será Fabio Jakobsen (Soudal Quick-Step), o campeão europeu de fundo, ao qual se juntarão nomes como Alexander Kristoff (UNO-X), Mike Teunissen (Jumbo-Visma) ou John Degenkolb (DSM).

Outros nomes incontornáveis do pelotão mundial que estarão presentes na ‘Algarvia’ são o espetacular britânico Thomas Pidcock (INEOS), o francês Warren Barguil (Arkéa-Samsic), o dinamarquês Magnus Cort Nielsen (EF Education-EasyPost) ou o suíço Marc Hirschi (UAE Emirates), um dos ‘escudeiros’ de Almeida, a par dos portugueses Ivo e Rui Oliveira.

Entre as equipas portuguesas, é a Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua aquela que merece maior atenção, depois de, em 2022, o ‘pistard’ João Matias ter surpreendido tudo e todos ao coroar-se ‘rei’ da montanha.

A 49.ª Volta ao Algarve decorre entre quarta-feira e domingo, arrancando em Portimão e terminando com um contrarrelógio nas ruas de Lagoa.