Fretin cumpriu os 175,2 quilómetros que ligaram Albufeira a Faro em 4:03.31 horas, superando sobre a meta o compatriota Jordi Meeus (Red Bull-BORA-hansgrohe), segundo e vencedor da tirada de sexta-feira, e o italiano Filippo Ganna (INEOS), terceiro.
Na geral, Jan Christen segue líder, com os mesmos quatro segundos de vantagem para o colega de equipa português João Almeida, segundo, enquanto o belga Laurens de Plus (INEOS), terceiro, reduziu de 13 para sete segundos a sua desvantagem para o comandante.
No domingo, disputa-se a quinta e última etapa, um contrarrelógio individual de 19,6 quilómetros, a ser disputado entre Salir e o Alto do Malhão, em Loulé.
Volta ao Algarve: Foi Milan Fretin e não os favoritos a conquistar o último sprint
Era a derradeira oportunidade para Arnaud de Lie (Lotto), Biniam Girmay (Intermarché-Wanty) ou Wout van Aert (Visma-Lease a Bike) ganharem, mas o jovem da Cofidis, de 23 anos, foi mais calculista a lançar o seu sprint e ultrapassou-os a todos na ‘empinada’ chegada à ‘capital’ algarvia, cortando a meta em 04:03.31 horas.
“É uma sensação fantástica. Também ganhei na semana passada [a Clássica de Almería], mas vencer aqui é ainda melhor. Aqui estão ciclistas tão bons e consegui ganhar, estou sem palavras”, resumiu Milan Fretin, após ter somado a quinta vitória da ainda curta carreira.
O belga superou o compatriota Jordi Meeus (Red Bull-BORA-hansgrohe), o vencedor da terceira etapa que hoje foi segundo e praticamente assegurou a conquista da camisola verde, e o italiano Filippo Ganna (INEOS), que ‘ganhou’ a anulada etapa inaugural, com De Lie a ser quarto, Girmay quinto e Van Aert sétimo.
“É uma boa vitória. Bater o Wout, o Arnaud de Lie… penso que todos os corredores que ficaram no top 10 são fabulosos”, destacou.
Esperava-se muito da quarta etapa, nomeadamente ‘cartadas’ estratégicas das equipas dos candidatos da geral, mas ninguém quis arriscar a sua posição no encadeamento de três contagens de montanha nos derradeiros 53 quilómetros e a geral só se alterou porque houve um ‘corte’ de tempo na meta, benéfico para Laurens de Plus (INEOS) e António Morgado (UAE Emirates).
Embora tenham mantido, respetivamente, o terceiro e quarto lugares da classificação individual, o belga e o português recuperaram seis segundos para Jan Christen (UAE Emirates).
Assim, o suíço vai partir para os derradeiros 19,6 quilómetros da 51.ª edição, percorridos num exercício contra o cronómetro entre Salir e o alto do Malhão, com quatro segundos de vantagem sobre o seu colega português João Almeida e sete sobre De Plus, enquanto Morgado está agora a 14 segundos do camisola amarela.
Foi logo ao quilómetro cinco dos 175,2 quilómetros entre Albufeira e Faro que o camisola da montanha Nicólas Tivani (Aviludo-Louletano-Loulé), Warre Vangheluwe (Soudal Quick-Step), Johan Jacobs (Groupama-FDJ) e Gorka Sorarrain (Caja Rural) se lançaram em fuga.
A perspetiva de uma permanente jornada de sobe e desce, com uma passagem no alto do Malhão, a contagem de segunda categoria instalada no ponto mais alto de Loulé, ao quilómetro 41,5, levou o pelotão a conceder uma inesperada margem de mais de sete minutos de vantagem aos fugitivos.
A pouco mais de 100 quilómetros da meta, Afonso Eulálio (Bahrain Victorious), o mais recente português a chegar ao WorldTour, atacou na companhia do colega Vlad Van Mechelen para tentar chegar à frente de corrida, uma missão nunca alcançada.
Já depois de Tivani ter garantido a vitória na classificação da montanha – só precisa de terminar a quinta etapa no domingo -, a Visma-Lease a Bike assomou à frente do pelotão, mais para trabalhar para Van Aert do que para antecipar uma ‘mexida’ de Jonas Vingegaard.
A 17 quilómetros da meta, a fuga, finalmente, acabou, e a corrida seguiu sem sobressaltos até à meta – Vingegaard furou já dentro dos derradeiros três quilómetros e ficou com o mesmo tempo do vencedor, mantendo-se a 20 segundos do líder da geral.
Esta Volta ao Algarve sem o brilho de outras edições decide-se no domingo, com o alto do Malhão a consagrar o sucessor do ausente Remco Evenepoel, com o pódio totalmente em aberto pelas curtas distâncias entre os 10 primeiros, nos quais também estão Primoz Roglic (Red Bull-BORA-hansgrohe) e Tao Geoghegan Hart (Lidl-Trek), ambos a 23 segundos de Jan Christen.
“Não tenho pressão. Ganhei a etapa rainha [na Fóia], por isso já estou super feliz. Não tenho nada a provar”, garantiu o camisola amarela, para quem ficar no pódio final já seria um bom resultado.
Volta ao Algarve: 4.ª etapa – Declarações
Declarações após a quarta etapa da 51.ª edição da Volta ao Algarve em bicicleta, ganha pelo belga Milan Fretin (Cofidis), no final de uma ligação de 175,2 quilómetros, entre Albufeira e Faro:
Milan Fretin, Bel, Cofidis (vencedor da etapa): “É uma sensação fantástica. Também ganhei na semana passada [a Clássica de Almería], mas vencer aqui é ainda melhor. Aqui estão ciclistas tão bons e consegui ganhar, estou sem palavras.
É uma boa vitória. Bater o Wout, o Arnaud de Lie… penso que todos os corredores que ficaram no top 10 são fabulosos. É bom ganhar aqui na última etapa [para sprinters]. Agora, posso desfrutar. A etapa de amanhã [domingo] não é tão importante para mim.
Pela semana passada, sabia que a condição física era boa, a motivação era alta. A equipa acreditava em mim e eu também, penso que é o mais importante para um sprinter. Se sentes que podes sprintar pela vitória, é normal que tentes”.
Jordi Meeus, Bel, Red Bull-BORA-hansgrohe (segundo da etapa e líder da classificação por pontos): “Não vim cá com o objetivo de ganhar a camisola verde, mas sim de vencer uma etapa e isso aconteceu. Infelizmente, hoje fiquei um pouco ‘curto’.
Estou feliz com as pernas com que estou e a minha forma. É bom para o resto da época”.
Jan Christen, Sui, UAE Emirates (líder da geral individual): “Foi uma etapa dura, a fuga andou muito rápido, mas no final cheguei à meta em segurança.
Não há plano [para a última etapa], é um contrarrelógio. Todos os que estão a lutar pela geral irão no máximo.
É difícil de dizer [se vai manter a amarela], mas não será fácil. No entanto, se tiver um dia excecional, acredito que posso conservá-la. Mas tenho o João [Almeida] a quatro segundos e penso que ele é um dos melhores contrarrelogistas do mundo. Se tiver de ‘entregar’ a amarela a alguém, que seja a ele.
Não tenho pressão. Ganhei a etapa rainha [na Fóia], por isso já estou super feliz. Não tenho nada a provar.
Hoje, ao jantar, de certeza que lhe vou colocar [a João Almeida] um pouco de pressão”.
Nicolás Tivani, Col, Aviludo-Louletano-Loulé (líder da classificação da montanha): “Foi um dia muito importante, ao ponto de pensarmos que a fuga podia chegar [à meta]. Foi uma fuga muito, muito dura, em que lutámos muito com as equipas do WorldTour. Estou contente com a forma e por ter dado esta alegria à equipa.
Já tive a possibilidade de ganhar uma etapa na Volta a San Juan em que estavam equipas WorldTour e também na Volta a San Luis. Hoje, estava com a ideia de ganhar a etapa, mas aconteceu assim. Ainda assim, estou muito contente.
Vou preparar a Volta a Portugal da melhor maneira e penso que é uma boa oportunidade para demonstrar que o Louletano está presente para lutar e para ganhar. Vamos ver se podemos ganhar a Volta a Portugal.
Óbvio que sim [quer ganhar a Volta]. Seria um sonho bonito de alcançar e os sonhos foram feitos para isso mesmo”.
Lusa