Esta é uma «esperança» para os doentes, que anualmente são diagnosticados com cancro no Sul do país, muitas vezes obrigados a percorrer centenas de quilómetros para ter acesso a um tratamento ou a um “simples” diagnóstico.
O equipamento terá uma área de cerca de 5.500 m2 e irá integrar o Serviço Nacional de Saúde. O Centro Oncológico de Referência do Sul custará 14 milhões e estará pronto até final de 2024. O objetivo é colmatar uma lacuna regional na prestação dos cuidados de saúde, dando apoio a muitos algarvios que padecem de doença oncológica e que necessitam de uma abordagem multidisciplinar, tanto em termos de diagnóstico como de tratamento.
Como tal, pretende-se reunir num único espaço físico várias especialidades como a oncologia médica, cirurgia, radioncologia, nutrição, dor crónica, medicina física e de reabilitação, cuidados paliativos e apoio social, de forma que o doente não precise de sair da região e que, numa única deslocação, possa realizar o seu tratamento de forma integrada e com o acompanhamento dos vários profissionais.
Cobrindo a área geográfica do Algarve e Alentejo, esta unidade de saúde permitirá receber os doentes com suspeita de diagnóstico oncológico, e no mesmo espaço e tempo, realizar tratamentos através de técnicas de radioterapia e radiocirurgia, assim como fazer o diagnóstico e o estadiamento para confirmação da doença ou para a tomada de decisão terapêutica multidisciplinar.
O CHUA será o responsável pela construção, manutenção e exploração de todos os recursos técnicos e humanos deste Centro.
Recorde-se que é no Parque das Cidades que está projetado o futuro Hospital Central do Algarve, estando já aqui instalado há alguns anos o Laboratório Regional de Saúde Pública do Algarve Drª Laura Ayres.
Ana Varges Gomes, presidente do conselho de administração do CHUA, referiu que este é um projeto inovador no Algarve. “Trata-se de uma solução que não existe atualmente na região sul. É um projeto inovador já que iremos ter tudo integrado com a investigação”.
Investigação vai fixar profissionais na região
A investigação será outro dos elementos diferenciadores e que poderá ser motivo para atrair e fixar mais profissionais na região até porque “as equipas serão maiores”. O edifício contará com uma área exclusiva para laboratórios para investigação, os projetos serão apresentados e serão convidadas equipas de investigadores, nacionais ou estrangeiras, para se juntarem ao Centro.
Ana Varges Gomes destacou também “a componente humana na avaliação dos cuidados” já que haverá espaço para os doentes aqui permanecerem durante a realização dos seus tratamentos, “sem terem de andar de um lado para o outro”. “Há muitos doentes que vêm de fora e que têm de se deslocar, seja em viatura própria ou em transporte de ambulância, diariamente, de segunda a sexta-feira, para fazer tratamentos de radioterapia. Mais aqui vai ser possível eles ficarem”, explicou.
Em suma, além da comodidade e celeridade no tratamento para os doentes oncológicos, muitos deles obrigados hoje a deslocarem-se a Lisboa ou até mesmo a Sevilha por falta de resposta na região, o ganho de tempo em termos de diagnóstico poderá “salvar vidas”.
O Centro terá capacidade para receber entre 2 a 3 mil novos doentes por ano, não só da região do Algarve, mas também do Alentejo e mesmo espanhóis da zona raiana que tenham necessidade destes serviços.
Segundo a responsável da unidade hospitalar algarvia, o concurso público internacional será lançado muito em breve.
O presidente da CCDR Algarve garantiu a elegibilidade do projeto, no âmbito do PO Algarve, e a tipologia do investimento no sentido de serem mobilizados 9 milhões de euros para o projeto. A restante verba ficará a cargo do próprio CHUA.
José Apolinário sublinhou o contributo dos dois municípios para responder a uma necessidade da região e referiu que o financiamento deste investimento se fundamenta na “necessidade de corrigir desigualdades em termos de acesso à prevenção e luta contra o cancro na região”.
“Há financiamento, há vontade política, e isto só depende das entidades regionais, o que é uma vantagem, ao contrário do Hospital Central que depende muito da administração central” – Vítor Aleixo
O autarca de Loulé, Vítor Aleixo, que preside à Associação de Municípios, quis realçar o facto de este ser um equipamento integrado no Serviço Nacional de Saúde, em que “a propriedade e exploração não podem, a título algum, vir a ser cedidas a entidades terceiras fora do SNS”, de acordo com o clausulado no protocolo. “O perímetro da operação ficará blindado ao SNS, não haverá aqui soluções de transição em que depois sejam entidades externas às entidades públicas a operar”, reiterou.
O responsável do Município de Loulé alertou ainda para, a partir deste momento, a necessidade de empenho por parte do CHUA no projeto e em fazer a obra. “Há financiamento, há vontade política, e isto só depende das entidades regionais, o que é uma vantagem, ao contrário do Hospital Central que depende muito da administração central”, referiu.
“Este Centro Oncológico é algo que o Algarve em particular precisava há muito tempo”, considerou, por seu lado, Rogério Bacalhau, autarca de Faro e presidente da Assembleia Geral da Associação de Municípios Loulé-Faro. O edil farense relembrou o papel da Associação Oncológica do Algarve no tratamento, que há 30 anos “veio, de alguma forma, tapar uma lacuna que existia no Algarve, que teve um papel fundamental na prestação de serviços a estes doentes, mas é preciso ir muito mais além e hoje estamos aqui a dar esse passo, com este equipamento ficaremos muito melhor servidos”.