por Carlos Manso | manso.carlos@hotmail.com

Não têm a ligeira sensação que todos os eleitos Algarvios quando passam a Ponte 25 de Abril, começam a pensar que tudo o resto é paisagem?

E não me refiro a ninguém, nem a nenhum partido em particular, mas a todos os eleitos e partidos na generalidade. Parece-me transversal.

Estamos mais do que habituados às cenas de um filme em que todos os que defendiam a construção de um Hospital Central, com toda a determinação e convicção quando estavam na oposição, assistam, em seguida, de uma forma ordeira e pacifica ao seu esquecimento quando passam para o suporte de um Governo.

Ainda ao nível Regional, na área da Saúde, até há pouco tempo, os que defendiam com toda a força e vigor a melhoria do SNS praticado no Centro Hospitalar do Algarve, são os mesmos que agora praticam a virtuosidade de um silêncio ensurdecedor. Até as camas espalhadas pelos corredores deixaram de ser um problema.

Também nas portagens na Via do Infante (rebatizada como A22), já se viu de tudo. Desde promessas de abolição das mesmas, passando pela defesa da sua redução mantendo o equilíbrio da exploração devido ao aumento do tráfego expetável e pela defesa de isenção no troço de VRSA a Albufeira, sob o pretexto de ter sido financiado por fundos comunitários. Na verdade, os que apoiam os Governos e os que estão na Oposição, valem-se da semântica para fazer valer a sua posição. Até que a mesma mude, porque como a memória é curta, desejam que ninguém se lembre.

Em 2016, despercebido por muitos, foi aprovado um regime de reembolso parcial de Impostos sobre Combustíveis para as empresas de transporte de mercadorias com o objetivo de atenuar o impacto do aumento dos combustíveis neste setor de extrema importância para a economia nacional e evitar que os mesmos abastecessem em Espanha. Estas medidas são de louvar, quase todas as regiões fronteiriças foram contempladas (Vilar Formoso, Elvas e Estremoz, Serpa e Beja, Bragança e Macedo de Cavaleiros), exceto claro, o Algarve. Ainda não percebi se não temos empresas transportadoras que utilizem a nossa fronteira, ou, se consideram que não fazemos fronteira com ninguém. Dos nossos eleitos na Capital, não ouvimos uma única palavra.

Decerto haverão muitos mais exemplos do abandono politico a que o Algarve tem sido sujeito desde que temos memória. Mas, verdade seja dita, que não tendo havido coragem para a implementação de um novo sistema eleitoral que atribua força política às Regiões e aos seus atores, estes terão que agradar principalmente aos seus superiores de Lisboa para poderem participar no processo Democrático, sob pena de serem humilhados por quem realmente dirige.

O Algarve não é a única região órfã do nosso sistema político. Mas neste campeonato, a Madeira e a Região do Porto dão cartas.

 

Pensem nisto.