por Rui Cristina | ruicristina19@gmail.com

Será que o protagonismo político do Algarve na política nacional é proporcional ao contributo a cada dia mais positivo da região para a economia do país?

Os 4% de votantes algarvios face ao todo nacional têm condicionado a representação política, comparativamente a outras regiões do país, quando se faz a contabilidade eleitoral.

Temos consciência da situação, mas considero que esta só se pode alterar pela mão dos próprios algarvios, da sua capacidade de se mobilizar em torno de um projeto regional, a par de uma liderança política que, com realismo e responsabilidade, defenda os interesses da região.

O Algarve foi uma das regiões mais afetadas pela crise financeira nacional e internacional, apresentando desde 2008 a taxa de desemprego mais alta do país, com a quebra significativa na sua atividade dominante, o turismo, que se estendeu a outros segmentos como a construção civil, a restauração e mesmo à agricultura e pescas.

Esta crise não logrou que em termos de fundos comunitários se alterasse o estatuto de região em fase de transição (phasing out), assim classificada em 2007, quando o PIB per capita ficou entre 75% e 90%, comparativamente à média europeia. Valor alcançado de uma forma um tanto falaciosa, por via das alterações dos critérios estatísticos do Eurostat, o organismo europeu que serve de referência a todos os Estados.

Hoje, o Algarve é a única região do país com esta classificação, e por isso está-lhe vedado o acesso aos fundos de coesão, agora integrados no Programa Operacional Algarve, sendo a sua quota no programa Portugal 2020 de 309 milhões de euros inscritos no programa regional específico.

Segundo as contas do INE, em 2011 o PIB nacional em termos reais registou uma variação de menos 3,2%, enquanto na região do Algarve esse decréscimo atingiu os 3,5%. Apesar disso o contributo do Algarve para o PIB Nacional aumentou no mesmo período assim o confirma a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve.

Resumindo: Mais desemprego, menos poder de compra, representaram, apesar de tudo, um acréscimo de contribuição dos algarvios para o PIB Nacional.

Ainda mais expressiva é essa contribuição quando se trata do equilíbrio da balança de bens e serviços transacionáveis (balança externa) que aponta a atividade turística e segmentos correlacionados como responsável em 2013 por mais de 6% do PIB nacional, sendo que as atividades desenvolvidas no Algarve contribuem com mais de 45% desse valor.

São dados que colocam a economia do Algarve como determinante no crescimento da economia do País.

Estes são alguns dos argumentos que devem ser esgrimidos e tidos em conta, quando se reivindicar um maior protagonismo político para o Algarve, em termos nacionais.

O PSD Algarve, pela voz do seu presidente, assumiu já a descentralização como uma das suas principais prioridades. Trata-se um primeiro passo para que a descentralização Administrativa do Estado se aprofunde e volte a figurar na agenda política regional.

Importa no entanto prosseguir a caminhada e será necessário falar rijo também em Lisboa, apresentando essa reivindicação respaldada num projeto motivador e que mobilize os algarvios em torno do desenvolvimento regional.

Assumo aqui o compromisso de tornar pública a minha opinião, concretizando propostas e adiantando um contributo que permita definir como o nosso grande objectivo, tornar o crescimento do Algarve sustentável no horizonte 2020.