André Magrinho, Professor universitário, doutorado em gestão | andre.magrinho54@gmail.com
O anúncio da redução das taxas diretoras (particularmente a Euribor) do BCE-Banco Central Europeu, significa que a autoridade monetária da Zona Euro, de que Portugal faz parte, considera que se verifica uma trajetória consistente de descida da inflação, após cerca de dois anos de subida dos preços.
 
Deste modo, o Conselho do BCE, decidiu reduzir as três taxas de juro diretoras do BCE em 25 pontos base (0,25%). É ainda uma descida muito reduzida, mas um bom indício, e que não deixa de ser um sinal positivo para as famílias, que poderão ver algum alívio nos juros que lhes são cobrados, nomeadamente por conta do empréstimo contratualizado na compra da casa.
 
O mesmo para as empresas que também poderão sentir algum alívio nos juros a pagar contratualizados com a banca no decurso do desenvolvimento dos seus negócios. Por conseguinte, a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito serão reduzidas para, respetivamente, 4,25%, 4,50% e 3,75%, com efeitos a partir de 12 de junho de 2024. Em concreto, eis o significado das alterações específicas:
 
1. A Taxa de refinanciamento, foi reduzida para 4,25%. Essa é a taxa à qual os bancos comerciais podem pedir emprestado dinheiro ao BCE. Quando o BCE reduz essa taxa, torna o empréstimo mais barato para os bancos, incentivando-os a emprestar mais dinheiro aos consumidores e empresas, o que pode estimular a economia.
 
2. A Taxa de cedência de liquidez, foi reduzida para 4,50%. Essa taxa é aplicada quando os bancos comerciais pedem emprestado dinheiro ao BCE por um período mais longo (geralmente uma semana). Reduzir essa taxa também torna o empréstimo mais acessível para os bancos.
 
3. A Taxa de depósito, foi reduzida para 3,75%. Essa é a taxa que os bancos comerciais pagam ao BCE quando nele depositam dinheiro. Se o BCE reduz essa taxa, os bancos têm menos incentivo para manter grandes quantidades de dinheiro no BCE e podem preferir emprestar ou investir noutras aplicações.
 
Em síntese, essa decisão foi tomada com base na avaliação das perspetivas de inflação, da dinâmica da inflação subjacente (que exclui preços mais voláteis como produtos alimentares e energéticos) e da força da transmissão da política monetária à economia.
O BCE tem como propósito assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de médio prazo de 2% e continuará a seguir uma abordagem dependente dos dados na definição das taxas de juro. Como é sabido, a abordagem da política monetária à inflação, sempre que esta atinge valores elevados, passa inevitavelmente por medidas pouco “simpáticas”, porque voluntariamente provocam um “arrefecimento” da economia, justamente para gerar uma redução da taxa de inflação por via da diminuição da procura agregada.