O legado dos Fenícios, que aqui chegaram há 3000 anos, não se limitou á fundação de Balsa (Tavira), de Ossónoba (Faro), de Shilb (Silves), da escrita (do Sudoeste), mas também terão introduzido plantas como a alfarrobeira.
A alfarrobeira adaptou-se ao Barrocal Algarvio, principalmente aos solos de Terra Rossa, vermelhos, como o nome indica, argilosos e de reação neutra, apesar das rochas calcárias integrantes (figura).
Se bem que se possam encontrar noutros locais do País, é apenas no Barrocal Algarvio que tem verdadeira expressão – 175 000 pés. Esta limitação geográfica dever-se-á ás plântulas não resistirem a baixas temperaturas e ao fraco poder de retenção hídrico dos solos arenosos do Litoral…
No Barrocal vegeta em consociação com – amendoeiras, figueiras e oliveiras, constituindo o “pomar de sequeiro tradicional” … é uma zona onde tipicamente impera a pequena propriedade (<1 ha), subdividida em múltiplas parcelas, de proprietários envelhecidos …
Apesar deste panorama produtivo arcaico, ainda se colhem em média 40 000 T anuais de alfarroba, ou seja, o terceiro produtor mundial. Cerca de 90% da produção é exportada…
Nos últimos anos, jovens agricultores, com mais terra, têm-se aventurado em novas plantações extremes de regadio. Os resultados têm sido animadores, devido á precocidade das plantas, maior produtividade, racionalização do trabalho e mecanização.
O maior inconveniente apontado para a cultura é a flutuação dos preços, uma vez que a maior parte dos compradores são estrangeiros dos sectores alimentar, farmacêutico, têxtil, petrolífero, explosivos …
Aliás a tecnologia da transformação da alfarroba não é nacional. Teve início com os Alemães na 1ª Grande Guerra, a que se seguiram Japoneses, Suíços, Belgas, Dinamarqueses…
A forma arcaica de pomar de sequeiro, continua a ser defendida por associações ambientalistas, apoiadas por serviços oficiais – a estratégia consiste em expor o atraso da agricultura do Barrocal para deleite dos turistas do Litoral … macabro.