Turismo pede bolsas de terrenos cedidos pelas autarquias e pelo Estado a preços «mais razoáveis» para dar habitação social.

A falta de habitação é um problema transversal e que toca muitos setores em Portugal, nomeadamente o turismo. Na região do Algarve, por exemplo, é um entrave à captação de mão de obra. Os hotéis mostram-se disponíveis para construir habitação social para alojar os trabalhadores, mas pedem "bolsas de terrenos a preços mais razoáveis" do que os que são praticados no mercado. Até agora, não houve resposta por parte do Governo.

“Se hoje temos de importar mão de obra, só conseguimos de facto atrair trabalhadores que vêm de fora se lhes dermos habitação, sem isso já não é possível”, diz Hélder Martins, presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), em declarações ao jornal Expresso.

Os hotéis estão dispostos a avançar para um modelo de “construção simples, não para ricos” nas periferias de cidades, como Portimão, Albufeira ou Loulé, garantindo alojamento e ainda transporte aos trabalhadores deslocados.

Mas, segundo o responsável, “isso não será possível com terrenos a preços de mercado”. Será necessário que sejam criadas “bolsas de terrenos a preços mais razoáveis” do que os que estão a ser praticados, uma vez que o Algarve é uma das regiões onde o imobiliário está mais “quente” em termos de preços. 

Acontece que "os municípios não têm esses terrenos para poder disponibilizar”, garante António Pina, presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (Amal) e também presidente da câmara municipal de Olhão, ao mesmo jornal. E acrescentou que, mesmo que tivessem, a prioridade seria “construir habitação pública para os algarvios, que não têm como pagar uma casa".

É neste contexto que Hélder Martins tem pedido terrenos a preços acessíveis no Algarve a vários ministros e secretários de Estado nos últimos dois anos. "Temos vindo a pedir que seja criada uma bolsa de terrenos disponibilizados que possam ser disponibilizados a preços aceitáveis, e não de mercado, para construir habitação considerada como social para fixar funcionários da hotelaria", referiu à Lusa. Mas até à data não obteve qualquer resposta, "apesar de todos considerarem a proposta muito boa”, realçou o empresário.

Revisão dos PDM é "altura ideal" para criar bolsa de terrenos 

O dirigente da AHETA considera que “esta é a altura ideal” para ir ao encontro das pretensões dos hoteleiros, dado que decorre a revisão dos planos diretores municipais (PDM), instrumentos de planeamento e ordenamento do território.

“Consideramos a altura ideal para introduzir esta pretensão: a criação de uma bolsa de terrenos para que sejam vendidos fora dos preços de mercado e para construção de habitação enquadrada no regime de habitação social”, reforçou.

O objetivo “é que se possa construir habitações de várias tipologias, fora de zonas de influência turística, a quatro ou cinco quilómetros de distância da unidade hoteleira, para posteriormente serem disponibilizadas aos funcionários”, precisou.

Aquele responsável disse esperar que a proposta, também apresentada aos partidos durante a campanha eleitoral, “possa ter seguimento a breve prazo, já que todos os partidos manifestaram a sua concordância”.

A resolução do problema da falta de habitação no Algarve passou a ser uma estratégica prioritária também para os empresários da hotelaria, no recrutamento de mão de obra para o setor, problema que se tem vindo a agravar nos últimos anos.

 

Idealista News *Com Lusa