O apelido Ó é de origem religiosa e surge tanto em Portugal como no País Vizinho com origens familiares diversas.
O apelido era dado aos nascidos no dia de Nossa Senhora da Expectação ou do Ó (fig. Imagem na Sé de Évora) – o dia é 8 de dezembro, firmado no 10º Concílio de Toledo, em 656, presidido pelo Bispo Eugénio e que ocorreu no tempo do Rei Visigodo Recesvinto…
Nos registos paroquiais encontrou-se Maria do Ó casada em Quelfes, em 1631/9/22, com Francisco Dias.
Maria Viegas do Ó, de S. Bárbara de Nexe (filha de António Valarinho e de Beatriz Viegas), contraiu matrimónio com Manuel Gonçalves, em cerca de 1650.
Maria do Ó (filha de João Martins Francisco e de Domingas Guerreira) foi casada em Boliqueime, em 1650/5/16, com Simão Dourado e em segundas núpcias, em 1663/1/15, com Domingos Rodrigues.
Outra Maria do Ó (filha de Francisco Pires e de Domingas Fernandes) casou em Boliqueime, em 1659/11/20, com António de Taíde.
Mais uma Maria do Ó (filha de António Mendes e de Catarina Anes) casou em S. Brás de Alportel, em 1660/8/2, com Manuel Afonso e era ainda viva, já viúva, em 1721/2/17.
Ainda outra Maria do Ó (filha de Manuel Gonçalves e de Maria Negroa) de Vale d’Éguas, Almancil, casou em 1675/9/29 com Bartolomeu Rodrigues e posteriormente com Brás da Costa, em 1685/1/8.
Em Olhão o apelido do Ó está também associado à Revolta Olhanense (1808/6/16-19) contra as tropas Napoleónicas da Primeira Invasão Francesa. 17 pescadores embarcaram a 7 de julho no caíque “Bom Sucesso”, propriedade de Miguel do Ó e foram ao Brasil dar a notícia da Restauração do Reino do Algarve ao futuro D. João VI. Chegaram à Baía de Guanabara no Rio de Janeiro a 22 de setembro, para espanto do próprio Príncipe Regente que recompensou e condecorou os Olhanenses com medalhas que tinham gravado um O de Olhão e que acabaram por ficar conhecidos pelos “do Ó” … e o lugar de Olhão, que pertencia à Freguesia de Quelfes, Concelho de Faro, foi então elevado a “Villa da Restauração” e assim criado o respetivo Concelho.
