A Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) encara com grande apreensão a importação do conceito de “clínicas” junto a supermercados, designadamente aquelas cujos clientes são atendidos por um enfermeiro e o contacto com o médico é feito através de sistemas de telemedicina ou videoconferência.

«Ao permitir estas pseudo clínicas e/ou pseudo consultórios, o Estado não está a cumprir a sua missão fiscalizadora; está a ser cúmplice do grande capital, interessado em promover cuidados de saúde de pacote», afirma Artur Osório Araújo, presidente da APHP, que lamenta esta exploração ordinária das aspirações dos portugueses, que legitimamente desejam melhores e mais próximos cuidados de saúde.

«Esta permissividade do Estado é até tanto mais estranha quanto se conheceu, no final do mês de Agosto, o novo Regime Jurídico de Abertura, Modificação e Funcionamento dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde [Decreto-Lei nº 127/2014, publicado no D.R. nº 161, 1ª série, de 22 de Agosto] e que, infelizmente, ratifica a tendência deste Governo para favorecer sistematicamente as unidades de saúde do sector dito social, ao permitir, para estas, critérios de licenciamento e abertura diferentes e menos restritivos do que os aplicados à hospitalização privada», lamenta Artur Osório Araújo.

O presidente da APHP lastima ainda que os enfermeiros, que classifica de «profissionais extremamente importantes no sistema de saúde», possam estar a ser alvo de um logro profissional e, no âmbito destas «pseudo clínicas», acabem por aceitar atribuições para as quais «não estão vocacionados em Portugal». Artur Osório Araújo espera que, de acordo com os seus deveres éticos e deontológicos, os enfermeiros não aceitem funções que extrapolem as competências que todos lhes reconhecem - evitando assim pactuar com expedientes de natureza comercial e no limiar da publicidade enganosa.

 

Por: Adverbe