O Benfica sofreu hoje a primeira derrota na I Liga portuguesa de futebol e ficou com uma liderança menos confortável, ao perder por 1-0 na receção ao Portimonense, em jogo da oitava jornada da prova.

Um golo marcado pelo defesa brasileiro Lucas Possignolo, aos 66 minutos, foi suficiente para a equipa algarvia se impor no Estádio da Luz e colocar fim ao percurso 100% vitorioso dos ‘encarnados’, que perseguiam o oitavo triunfo seguido no campeonato.

O Benfica manteve-se com 21 pontos, ficando com apenas um de vantagem sobre os perseguidores FC Porto e Sporting, campeão em título, que venceram no sábado Paços de Ferreira e Arouca, respetivamente, enquanto o Portimonense passou a totalizar 14 pontos, no quinto lugar.

 I Liga / Benfica – Portimonense (ficha)

 

O Portimonense venceu hoje o Benfica, por 1-0, em jogo da oitava jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado em Lisboa.

 

Jogo realizado no Estádio da Luz, em Lisboa.

Benfica – Portimonense, 0-1.

Ao intervalo: 0-0.

Marcador:

0-1, Lucas Possignolo, 66 minutos.

 

Equipas:

- Benfica: Odysseas Vlachodimos, Lucas Veríssimo (Gonçalo Ramos, 87), Otamendi, Vertonghen, Gilberto (Gil Dias, 46), Weigl (Taarabt, 73), João Mário, Grimaldo (André Almeida, 72), Rafa, Darwin e Yaremchuk (Everton, 89).

(Suplentes: Hélton Leite, Everton, Meité, Pizzi, Radonjic, Gil Dias, André Almeida, Taarabt e Gonçalo Ramos).

Treinador: Jorge Jesus.

- Portimonense: Samuel Portugal, Pedrão, Lucas Possignolo, Willyan, Moufi, Pedro Sá, Lucas Fernandes (Felipe Relvas, 90+3), Fali Candé, Carlinhos, Aylton Boa Morte (Angulo, 57, Henrique Jocu, 90+6) e Fabrício (Aponza, 57).

(Suplentes: Payam, Henrique Jocu, Anderson Oliveira, Luquinha, Felipe Relvas, Aponza, Angulo, Renato Júnior e Marcus).

Treinador: Paulo Sérgio.

 

Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria).

Ação disciplinar: cartão amarelo para Yaremchuk (12), Fábio Veríssimo (43), Aylton Boa Morte (44), Carlinhos (60), Lucas Possignolo (62), Samuel Portugal (80) e Willyan (90).

Assistência: cerca de 35 mil espetadores.

 

COMENTÁRIO: Portimonense impõe primeira derrota da época ao Benfica

Um golo de Lucas Possignolo deu hoje a vitória ao Portimonense diante do líder Benfica, por 1-0, em jogo da oitava jornada da I Liga de futebol, que se traduz na primeira derrota dos ‘encarnados’ esta temporada.

Depois de uma primeira parte sem golos, Lucas Possignolo, aos 66 minutos, fez o tento da vitória dos algarvios, apesar de o Benfica ter dominado por completo todos os indicadores do jogo: ataques, remates à baliza e cantos. Todos, menos o mais importante: golos.

Apesar do resultado, os adeptos despediram-se da equipa com uma forte ovação, sinal de reconhecimento do trabalho feito pelo Benfica.

Depois do triunfo, por 3-0, diante do Barcelona, para a Liga dos Campeões, e com o estádio bem composto, mas longe da lotação máxima, mesmo retirando as clareiras nos setores destinados ao Cartão do Adepto, apesar de já não haver limitação do público.

O último jogo sem esta limitação no Estádio da Luz tinha sido a 02 de março de 2020, no empate (1-1) com o Moreirense, na 23.ª jornada da temporada 2019/20, na sequência do qual o Benfica foi igualado e ultrapassado pelo FC Porto (no confronto direto), que viria a sagrar-se campeão. Depois veio a pandemia de covid-19, saiu o público e houve uma longa ‘travessia no deserto’.

Esta tarde, o Portimonense entrou mais forte no jogo, a pressionar o portador da bola do Benfica e a ocupar bem os espaços. Os ‘encarnados’ tiveram de apostar nas características individuais, nomeadamente, na velocidade de Rafa e Darwin para tentar surpreender os algarvios.

Yaremchuk, aos 22 minutos, deu o primeiro sinal de perigo, com o remate de pé esquerdo no coração da pequena área, para defesa de Samuel Portugal, e, aos 29, Darwin falhou o cabeceamento por muito pouco.

Apesar do domínio dos ‘encarnados’, com 12 tentativas de golo e seis remates enquadrados, o ‘nulo’ ao intervalo colocava em evidência o excelente trabalho de Samuel Portugal.

O guarda-redes brasileiro foi o grande responsável deste empate, ao mostrar grande qualidade, nomeadamente, nos remates mais difíceis, como foi o caso do livre direto de Grimaldo, aos 37 minutos, e o cruzamento, aos 44, ou a tentativa de chapéu de Rafa Silva, que correu meio campo, aos 42.

O Benfica, que deixou no balneário Gilberto e chamou ao ‘onze’ Gil Dias, entrou a todo o gás e, aos 49 minutos, viu Yaremchuk ‘fuzilar’ a baliza do Portimonense, a bola bateu no poste, mas dada a força do remate, embateu nas costas de Samuel Portugal e entrou na baliza. Contudo, o atacante ucraniano estava em posição irregular e, após intervenção do VAR, o golo acabou por ser anulado.

Apesar do domínio dos ‘encarnados’ Lucas Possignolo, aos 66 minutos, colocou de cabeça o Portimonense a vencer, depois de um canto cobrado, na direita, por Lucas Fernandes, com a bola a passar entre as pernas de Vlachodimos.

Os comandados de Jorge Jesus mantiveram-se em ‘cima’ do adversário, encostaram-no ao último terço do terreno, procuravam não o deixar respirar, na tentativa de chegar o mais rapidamente possível à igualdade.

Ora pelos flancos, ora pelo corredor central, sobretudo pelas iniciativas de Rafa, o Benfica bem tentava o empate, mas, aos 79 minutos, esteve muito perto de sofrer o 2-0, quando Lucas Fernandes rematou a rasar o poste direito da baliza de Vlachodimos.

Aos 84 minutos, Fali Candé, em cima da linha de golo, ‘roubou’ a igualdade a Otamendi, que estava na zona do segundo poste, na sequência de um canto cobrado por João Mário.

Os algarvios iam defendendo como podiam, aproveitavam todas a oportunidades para queimar alguns segundos e, aos 87 minutos, Jorge Jesus colocou em campo Gonçalo Ramos, para o lugar de Lucas Veríssimo, passando o Benfica a jogar em 4-4-2, em detrimento do 3-5-2 com que iniciou o encontro.

Esta alteração revelou-se tardia, já que o marcador acabou por não sofrer alterações, apesar dos sete minutos de compensação dados pelo árbitro leiriense Fábio Veríssimo e da tentativa de Otamendi, aos 90+5.

 

I Liga / Benfica – Portimonense (declarações)

 

Declarações após o jogo Benfica–Portimonense (0-1), da oitava jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado hoje em Lisboa:

 

Jorge Jesus (Treinador do Benfica): “O Benfica jogando com esta qualidade e com as várias situações de golo, não as conseguiu traduzir no resultado. A história do jogo é a nossa derrota ao fim de 14 jogos, oitavo no campeonato. O Benfica teve várias oportunidades que eram suficientes para não perder. No futebol basta um remate para fazer um golo. Foi o que aconteceu. O Portimonense fez dois remates e um golo. Há que valorizar o adversário.

Não tenho nada a dizer da equipa do Benfica. A equipa jogou ao nível a que tem vindo a jogar. Há que andar para frente. Isto faz parte da nossa vida. O futebol é assim. Sentir a derrota, como todos sentimos, mas conscientes daquilo que fizemos. Dou os parabéns à equipa do Portimonense. O Benfica jogou numa intensidade muito alta. Jogou bem. O futebol tem destas situações, que são incontroláveis.

Não se notou desgaste físico na equipa. Os treinadores hoje têm a vantagem de fazer cinco substituições. O último jogo [vitória frente ao Barcelona, por 3-0] não teve influência na derrota de hoje do Benfica a nível físico.

Sabia que este jogo ia ser difícil. O Portimonense é das defesas menos batidas. Os treinadores portugueses conhecem mais o Benfica do que os estrangeiros. Têm uma qualidade tática da equipa superior. Nos primeiros 15/20 minutos o Portimonense não nos deixou jogar. Mas depois libertámo-nos. Como treinador não tenho um motivo para dizer que a minha equipa hoje não jogou com qualidade, não criou oportunidades suficientes para vencer o jogo. Isso não aconteceu.

O que tenho de lamentar? Há coisas que não se controla, como a sorte do jogo e, com tantas oportunidades, poderíamos ter sido mais eficazes. Não posso julgar negativamente a equipa. A equipa do Benfica esteve muito bem. Só não venceu o jogo pelos motivos que já falámos.

Sabíamos que um dia iríamos perder. Ao fim de 14 jogos o Benfica perdeu. As derrotas são preocupantes, mas o que seria preocupante era ter perdido e não saber o motivo. Isso não acontece neste caso. Não é esta derrota que vai colocar os jogadores a pensar. As coisas não passaram do ótimo ao negativo só por causa desta derrota. Faz parte do futebol.

Sim, faltou-nos um segundo Rafa, depois de ter mudado o seu posicionamento. João Mário não o conseguiu fazer na ponta final da primeira parte. Na segunda já o conseguiu fazer”.

 

Paulo Sérgio (Treinador do Portimonense): “A festa que existe no balneário é própria de uma estrutura que festeja um êxito no terreno do adversário. O extra é ser o Benfica, que é uma grande equipa, com um grande treinador. O Benfica não perde todos os fins de semana. Mas esta vitória só conta três pontos.

O Benfica fez um grande jogo. Foi muito difícil conquistar estes três pontos. O Benfica teve muita qualidade de jogo até entrar nos últimos metros. Até aí houve uma grande noite de Samuel Portugal. Não se pontua e muito menos se ganha no Estádio da Luz sem essa ponta de sorte. Mas a sorte dá muito trabalho. O Samuel Portugal trabalha muito para fazer aquilo que fez. A equipa trabalha muito para fazer o que fez.

Nos últimos 15 minutos adotámos uma estratégia mais baixa, já tínhamos corrido muito. Fomo-nos ajustando aos vários momentos do jogo. É uma vitória do esforço. Os atletas merecem esta vitória no Estádio da Luz. Se me perguntarem se o Benfica mereceu perder, diria que não. Mas a vitória assenta muito bem aos meus jogadores.

O Pedro Sá fez um jogo taticamente impressionante. Quando Rafa abriu ele compensou muito bem a equipa. A ideia era manter o Benfica o mais longe possível da nossa baliza. É evidente, pela qualidade do Benfica, isso nem sempre aconteceu e aí entrou o espírito de união da equipa.

A vitória só conta três pontos. Não se vence aqui todos os dias. Não sei quantas vezes vim cá como treinador e é a segunda vez que venço. Amanhã, isto já passou. São três pontos. Pezinhos no chão.

Percebi o que Jorge Jesus queria dizer [o Portimonense defender melhor que o Barcelona]. O que ele queria dizer é que eu ia criar-lhe problemas defensivos que o Barcelona não colocou. Acho que o disse e disse bem.

Samuel Portugal é um jovem que tem muito potencial. Ele é fortíssimo entre os postes. De uma forma natural os jogos vão-lhe dar o que lhe falta, nomeadamente, o jogo com os pés. Que é uma coisa que faz muito bem. Ele no jogo ainda não tem confiança para o fazer. Por isso é que muitas vezes não arriscou saídas tão pomposas, para não correr riscos. Na baliza ele é um monstro. É um miúdo que tem tudo para dar o salto.

Temos de ter o pé no chão. O campeonato vai ser muito duro. Há muitas equipas com poucos pontos e que têm muita qualidade. Agora vamos pensar no jogo com a Oliveirense, para a Taça de Portugal”.