O bispo do Algarve destacou no dia 22 de abril que o Papa Francisco «foi uma referência reconhecida por todos como apelo a valores humanos irrenunciáveis, valores que soube transmitir e testemunhar de modo tão cativante e convincente»
e que “abrangem a sociedade humana nos mais diversos âmbitos” como “a paz, a justiça, a fraternidade universal, o amor preferencial pelos pobres e pelos últimos, a promoção da vida humana e o cuidado com a criação e a casa comum, o diálogo ecuménico e interreligioso”.
 
“O mesmo podemos referir a respeito de temas ligados à missão e à renovação da Igreja”, acrescentou D. Manuel Quintas, lembrando “a alegria do Evangelho” e a “alegria do amor” – temas que intitularam duas das suas principais exortações apostólicas, respetivamente, ‘Evangelii Gaudium’ e ‘Amoris laetitia’ -, bem como “os jovens”, a quem dedicou a exortação apostólica pós-sinodal ‘Christus Vivit’ (Cristo Vive).
 
D. Manuel Quintas falava na Eucaristia “para dar graças a Deus pelo dom do Papa Francisco”, falecido ontem aos 88 anos de idade, que a Diocese do Algarve celebrou ao final da tarde de hoje, na Sé de Faro. A celebração, com a participação de católicos de todo o Algarve que encheu a catedral, foi concelebrada por vários sacerdotes do Algarve e até de fora da diocese e contou também com o serviço de vários diáconos algarvios.
 
O bispo diocesano recordou ainda “o caminho sinodal da Igreja comunhão, participação, missão, processo em curso”, “a preferência por uma Igreja em saída, uma Igreja-enlameada, uma Igreja-hospital, uma Igreja discípula missionária e sinodal”, entre muitas outras expressões de Francisco que disse quererem os católicos “continuar a assumir e a viver”. 
D. Manuel Quintas acrescentou ainda as palavras finais da última e recente encíclica papal ‘Dilexit nos’ (amou-nos) que o próprio Papa ligou às suas duas encíclicas sociais – ‘Laudato si’ e ‘Fratelli tutti’ -, documentos que o bispo do Algarve entende que “continuarão a constituir referência obrigatória no futuro”.
 
Referindo ainda que as leituras desta terça-feira da oitava da Páscoa indicam “o modo como acolher e fazer frutificar o legado do Papa Francisco”, o bispo do Algarve resumiu que com o falecido pontífice os cristãos aprenderam que “a escuta da Palavra não pode limitar-se a uma compreensão intelectual, mas deve ser acolhida com o coração”.
 
Referindo que todos receberam, “certamente com grande tristeza e consternação”, a notícia da morte do Papa Francisco “como se de um familiar”, “próximo e muito querido, se tratasse”, o bispo diocesano destacou que “Deus chamou-o em pleno ano jubilar e em ambiente pascal”. “Estamos certos de que o Papa Francisco já participa no banquete do Reino celeste, donde continuará a interceder pela Igreja e por cada um de nós, para que honremos o legado espiritual que nos deixou, e sobretudo não esmoreçamos neste caminho de renovação sinodal por ele iniciado”, concluiu.
 
O bispo do Algarve lembrou que o funeral do Papa Francisco vai ser celebrado este sábado, pelas 10h00 (menos uma em Lisboa), no adro da Basílica de São Pedro.
 
Folha do Domingo
com Guilherme Bacôco