O bispo do Algarve pediu no dia 3 de maio aos estudantes finalistas da Universidade do Algarve (UAlg) que se empenhem, «com o saber adquirido, em encontrar soluções concretas para os desafios com que se debate hoje a humanidade».
“Empenhais-vos numa participação cívica e social comprometida como opção preferencial pelos mais frágeis da sociedade, experiência que a ‘Missão País’ também este ano possibilitou a alguns de vós”, prosseguiu D. Manuel Quintas, acrescentando que “a vida ganha forma e grandeza quando é vivida com os outros e ao serviço dos outros”. “Não vos acomodeis aos problemas que ides enfrentar, mas assumi fazer sempre parte da sua solução”, pediu na celebração da bênção das pastas, que voltou a ter lugar no Estádio Algarve e para a qual se inscreveram cerca de 800 alunos.
O bispo diocesano advertiu-os que “o título académico não deve ser exibido como algo exclusivo do bem-estar pessoal, mas como um mandato, como uma missão para participar na construção ativa de uma sociedade mais justa, mais inclusiva, ou seja, mais fraterna”. “A realização pessoal e a conquista da verdadeira felicidade passa pela coragem em partilhar os dons que nos definem e nos caraterizam e pela ousadia em colocarmos a nossa vida e o saber adquirido ao serviço dos outros e do mundo neste tempo que nos foi dado viver”, desenvolveu na celebração que contou com a concelebração do capelão da UAlg, o padre António de Freitas, e do padre Flávio Martins, sacerdote da diocese algarvia.
 
Por fim, D. Manuel Quintas gracejou com os estudantes considerando que também ele, o reitor da UAlg e os autarcas de Faro e Loulé são “finalistas” em final de serviço. “Foi um privilégio para mim servir o Algarve durante este tempo”, afirmou o responsável católico que após completar os 75 anos, apresentou ao Papa o seu pedido de resignação, como determina o Direito Canónico.
O reitor da UAlg destacou o “papel e responsabilidade” daqueles estudantes na sociedade e quis deixar-lhes uma “mensagem de confiança”. “O conhecimento, os valores e as competências que adquiriram na UAlg serão uma base sólida para os desafios que se avizinham. Sejam profissionais competentes, mas nunca deixem de ser pessoas éticas, empáticas e profundamente comprometidas com o bem comum”, pediu-lhes Paulo Águas.
“Vivemos tempos em que a crescente polarização da sociedade tem alimentado discursos de ódio, divisões profundas e intolerância. A radicalização das opiniões, frequentemente amplificada pelas redes sociais, tem promovido confrontos e dificultado o diálogo construtivo, ameaçando a coesão social e a própria democracia”, lamentou o reitor, considerando que “o mundo precisa de pessoas de pensar criticamente, agir com responsabilidade e contribuir de forma mais ativa para uma sociedade mais justa, mais sustentável, mais solidária”. “É essa a missão que agora vos cabe. E não encarem isso como um fardo, mas com uma leveza de vida. Contamos convosco”, pediu-lhes. 
Também o presidente da Câmara de Faro referiu aos finalistas que “esta cerimónia encerra o compromisso solene de seguir na vida e na profissão com uma postura elevação digna de cada um, enquanto seres humanos”. 
Rogério Bacalhau dirigiu-se ainda uma palavra às famílias presentes nas bancadas. “Sei bem o sacrifício que muitas fizeram para que os seus filhos viessem estudar para Faro, pagando as propinas, os manuais, a habitação, os custos com alimentação e todas as outras despesas necessárias a uma estadia condigna e pagando ainda o preço mais alto para muitos, o da distância, o da privação da vossa companhia”, afirmou, acrescentando: “Espero que os vossos filhos, agora doutores e engenheiros, vos retribuam todos esses sacrifícios com um percurso enquanto profissionais e cidadãos que certamente vos vai orgulhar”.
Também o autarca de Loulé exortou os “futuros profissionais” a que “nunca percam a capacidade de sonhar”. “O mundo hoje tem nuvens cinzentas, mas nunca percam a esperança, a confiança em vocês próprios. Se chegaram aqui são capazes, seguramente, de ir muito mais longe, sempre com confiança, colaborando muito à vossa volta porque o mundo hoje precisa mais de colaboração do que de competição”, alertou Vítor Aleixo.
 
Já o presidente da Associação Académica da UAlg evidenciou que a universidade não aporta apenas conhecimento. “Mais do que uma formação académica, a universidade traz-nos uma formação pessoal”, reconheceu Rodrigo Carlos.
 
Na celebração da cerimónia, que contou com a atuação da tuna feminina da UAlg ‘Feminis Ferventis’, cumpriu-se um momento silêncio, lembrando os membros da comunidade académica falecidos no último ano.
Raquel Jacob e Maria Neto emprestaram a voz aos colegas para afirmar que “sem esta celebração a Semana Académica não seria a mesma coisa”. “Ela é um marco muito importante para nós”, garantiram as estudantes que protagonizaram um momento bastante emotivo ao agradecerem ainda à academia, aos colegas e, sobretudo, às famílias, particularmente às mães dos finalistas, incluindo as já falecidas ou aos que realizaram “papel de mães”. Pedindo às mães presentes que ficassem em pé, apelaram a cada finalista que fitasse a sua nesse momento de agradecimento.
 
Depois da cerimónia que incluiu a bênção das pastas, seguiu-se a queima das fitas.
 
Folha do Domingo