Por: Padre Carlos Aquino | effata_37@hotmail.com

Representais a renovação, a fertilidade, a intuição e a transformação. Estais profundamente ligados aos ciclos naturais, pois a vossa reprodução rápida simboliza a continuidade da vida e a regeneração. Sois também considerados símbolos de abundância e criatividade. Espiritualmente, podeis inspirar-nos a criar novas possibilidades, projetos e sonhos, mostrando que a vida sempre se renova. Representais a esperança, com vossa audição aguçada e o vosso comportamento atento, ensinais sobre a importância da intuição. Representais a necessidade de confiar em nossos instintos e perceber sutilezas no mundo ao nosso redor. Sois velozes e ágeis, lembrando-nos da importância da adaptação e da mudança. Vós nos convidais a viver com sensibilidade, confiança na intuição e abertura para o novo.

Ao escrever-vos lembro a história do Teodoro. Era uma vez uma aldeia de coelhos. Vistosos, peludos, de olhinhos vivos, corriam de um lado para o outro, sempre apressados, sempre preocupados com a próxima refeição, com o próximo esconderijo. A vida era uma sucessão de pulos, e ninguém jamais questionava se havia outro modo de existir. Os coelhos se reproduziam com uma rapidez impressionante, criando novas gerações que, sem saber porquê, repetiam os hábitos dos mais velhos. Desde pequenos aprendiam que o mundo era um lugar perigoso, repleto de raposas, gaviões e outros predadores. E, por isso, deviam correr, esconder-se, estar sempre atentos. Mas havia um coelho diferente. Chamava-se Teodoro.

Não porque tivesse nascido com alguma habilidade especial, mas porque tinha o raro costume de parar e observar. Enquanto seus irmãos e primos corriam, ele ficava quieto, olhando o vento balançar a relva, ouvindo o murmúrio das folhas. E foi assim que Teodoro começou a se perguntar: por que sempre fugimos? Por que estamos sempre com medo? Será que não há outro jeito? Seus questionamentos causaram estranhamento. "Pare de perder tempo, Teodoro!", diziam os mais velhos. "A vida é curta! É melhor correr!" Mas ele, teimoso, resolveu observar os predadores de perto. Descobriu, por exemplo, que as raposas nem sempre estavam famintas e que os gaviões, quando saciados, mal olhavam para baixo.

Percebeu que havia momentos em que era possível andar livremente, sem a sombra constante do medo. Teodoro tentou explicar isso aos outros, mas ninguém quis ouvi-lo. Era mais fácil continuar como sempre fora. E assim, ele viveu entre os seus, mas separado, carregando a estranha sensação de que poderia haver um outro mundo além do hábito de fugir. Talvez os humanos sejam um pouco como esses coelhos. Nascemos em uma sociedade que nos ensina desde cedo a correr: correr atrás de dinheiro, de status, de aceitação, do poder, da imagem. Aprendemos que o mundo é perigoso, que devemos temer o fracasso, que não podemos parar. Mas, de vez em quando, surge um Teodoro entre nós—alguém que para, observa e percebe que talvez haja outra forma de viver. E então, o que faremos? Continuaremos correndo, ou teremos coragem de parar e olhar o vento na relva?