Por: Mendes Bota | Deputado à Assembleia da República

É compreensível o desespero de toda a esquerda. Torna-se cada vez mais difícil encontrar um único indicador económico e social que não indicie uma evolução positiva, no sentido do crescimento e do emprego, paróquia de que hoje toda a gente se reclama prior.

Está-se a secar o charco das desgraças, de que se têm alimentado o discurso catastrofista e a demagogia com que se agitam as “massas”. Que contrariedade! Que chatice! E o Governo continua em pé… Sob a luz dos factos, de forma serena, vale a pena dissecar alguns mitos de que se tem feito a narrativa oposicionista. 


À data de 30 de Abril de 2013, estavam inscritos 900.000 desempregados. Um ano depois, esse número decresceu para 753.000. Ou seja, uma quebra de 147.000 pessoas à procura de emprego. É relevante, mas só deve ser tomado como um incentivo para continuar os esforços tendentes a fazer recuar ainda mais este número com que não nos podemos conformar. Entre Abril de 2013 e Abril de 2014, a taxa de desemprego baixou de 17,3% para 14,6%, a maior descida em termos homólogos, desde que existem estatísticas do Eurostat (1983). O desemprego está em baixa há 15 meses consecutivos. A que se deve acrescentar informação complementar e significativa: a taxa de emprego, o volume de ofertas de emprego e o número de colocações, tem subido exponencialmente. Tudo coisa pouca, no dizer de certas aves agoirentas que ocupam o espaço mediático em Portugal, e para a qual encontram rapidamente “explicação” simplista: há menos desempregados, porque os portugueses estão a emigrar em força. Não faltam arautos de observatórios desconhecidos ou filhos de pai incógnito, propalando palpites que saem da boca de cada qual, consoante a hora, o local e a metereologia: entre 200.000 e 400.000 portugueses teriam emigrado, por cada ano ou nos últimos três anos, depende do autor. 

Ora, os dados recentíssimos publicados pelo INE, revelam que Portugal perdeu, em três anos (2011, 2012 e 2013), 146.000 pessoas, e é neles que se deve fazer fé. Por causa do saldo migratório, sem dúvida! Mas partilhando responsabilidades, e é bom que isso se diga, com um preocupante saldo natural. Há menos pessoas a nascer. Há menos filhos por mulher. Continua a morrer gente, como decorre das leis da natureza. Só em 2013, faleceram 106.543 residentes, e apenas nasceram 82.787 crianças. Daqui se retiram duas conclusões: a batalha contra o desemprego teve ganhos reais significativos, e a demografia é o grande desafio dos próximos anos.