Um documentário sobre a vida e obra da poeta portuguesa Fiama Hasse Pais Brandão, realizado por Abílio Leitão, que dá a conhecer esta «voz singular no panorama da poesia portuguesa», estreia-se na televisão no próximo dia 17.

“A Secreta Harmonia do Mundo. Fiama Hasse Pais Brandão”, que terá transmissão na RTP2, às 22:55, “pretende abordar a vida e obra da escritora, e dar a conhecer uma voz singular no panorama da poesia portuguesa”, afirma o realizador, em comunicado hoje divulgado.

“A sua obra, quer pela sua irradiante complexidade, quer pelo modo singular de nela inscrever uma diversidade de registos e temas, tem vindo a suscitar, ainda hoje, inúmeros estudos e teses universitárias”, acrescenta.

Segundo Abílio Leitão, o documentário ensaia também algumas pistas de leitura sobre este legado literário.

Fiama Hasse Pais Brandão (1938-2007) foi escritora, poetisa, dramaturga e tradutora, tendo passado a infância entre uma quinta em Carcavelos e o St. Julian's School, no Estoril.

Estudou Filologia Germânica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e esteve entre os membros fundadores do Grupo de Teatro de Letras.

A sua estreia como autora deu-se aos 19 anos com a obra “Em Cada Pedra Um Voo Imóvel”, que lhe valeu o Prémio Adolfo Casais Monteiro.

Mas é principalmente com a revista/movimento Poesia 61, em que publica “Morfismos”, que ganha notoriedade no meio literário, sendo até hoje considerada uma das mais importantes escritoras daquele movimento, que inovou a poesia nos anos 1960.

Esta revista nasceu em Faro pelas mãos de cinco jovens poetas portugueses – Casimiro de Brito, Luiza Neto Jorge, Gastão Cruz e Maria Teresa Horta, além da Fiama -, dando origem a um movimento poético com o mesmo nome.

Fiama voltaria a publicar poesia em 1967, com “Barcas Novas”, e a sua obra ganhou novo fôlego com “O texto de João Zorro”, publicado em 1974, vencedor do Prémio Adolfo Casais Monteiro, inscrevendo definitivamente o seu nome no panorama da poesia portuguesa do século XX.

Em 1978, publicou “Área Branca”, que é considerada a nível literário uma das obras maiores da poesia portuguesa da segunda metade do século XX.

Fiama Hasse Pais Brandão foi distinguida por duas vezes com o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1996 e 2000), e o seu livro “Âmago I /Nova Arte” foi distinguido em 1986 com o prémio do PEN Clube Português, feito que repete em 2001 com “Cenas Vivas” e em 2006 com “Contos de Imagem” que lhe valeu o Prémio PEN Clube Português de Narrativa.

A par da poesia, o teatro ocupa um lugar central na sua produção literária, que contempla várias peças, das quais se destacam, entre outras, “O Cais”, “Os Chapéus-de-chuva”, “Auto de Família” e “Poe e o Corvo”.

O seu interesse pelo teatro acabaria por ultrapassar a escrita e Fiama Hasse Pais Brandão frequentou um estágio no Teatro Experimental do Porto e, mais tarde, um seminário de teatro de Adolfo Gutkin, na Fundação Calouste Gulbenkian.

Em 1965, fundou o Grupo de Teatro de Letras de Lisboa juntamente com Luiza Neto Jorge e Gastão Cruz, com quem se viria a casar.

Em 1974 foi um dos elementos fundadores do Grupo Teatro Hoje, companhia que deu a conhecer ao público português alguns dos nomes mais importantes da dramaturgia contemporânea.

 

Lusa