Dia Mundial da Esclerose Múltipla – 27 Maio

A Esclerose Múltipla (EM) afeta cerca de 5000 portugueses, que diariamente enfrentam esta doença inflamatória crónica do sistema nervoso central, que se manifesta especialmente em jovens adultos, com maior probabilidade no sexo feminino, e que interfere com a capacidade do doente em controlar funções como a visão, a locomoção, e o equilíbrio.

Com o objetivo de  sensibilizar a sociedade para a temática da EM, e do impacto significativo que esta doença tem na qualidade de vida dos doentes e das suas famílias, encontra-se a decorrer a 2ª Edição do Prémio Esclerose Múltipla Curtas, cujas candidaturas terminam dia 27 de abril, sobre a temática «Mudar o rumo da Esclerose Múltipla».

Para entender o impacto desta doença na vida das pessoas e da importância de iniciativas que contribuam para a sua compreensão, “A Voz de Loulé” falou com Magda Sequeira, 39 anos, membro da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM) de Faro.

 

A Voz do Algarve – De que forma a Esclerose Múltipla (EM) condiciona o seu dia-a-dia, a sua rotina? O que mudou desde o diagnóstico?

Magda Sequeira – A EM afeta-me muito no dia-a-dia. Faz-me esquecer, por exemplo, de coisas simples, tais como: o nome da medicação, o nome de pessoas, se estiver a ter uma conversa e se me interrompem já não sei do que estava a conversar. E, quando me pedem para fazer um favor, eu tenho sempre que escrever num papel. Ao fazer a rotina diária canso-me facilmente e se tenho de conduzir numa viagem longa, adormecem-me as mãos e os pés.

Desde o diagnóstico, a minha vida mudou completamente, pois tive de vender o apartamento por ter escadas e deixar de trabalhar porque me reformaram aos 32 anos. Fui forçada a começar uma nova vida sem condições nenhumas.

 

V.A. – Considera que ainda há falta de informação e sensibilização para esta doença?

M.S – Sim. Devia haver mais informação nos locais públicos tais como: centros de saúde, escolas e farmácias, entre outros. Os médicos de família também deviam estar mais informados.

 

V.A. – É uma doença pouco compreendida? Como convivem as pessoas com os doentes de EM? Há preconceito, falta de compreensão?

M.S – Sim. As pessoas que convivem com os doentes de EM têm de compreender mais e tentar ajudá-las. Ainda há falta de compreensão e preconceito mesmo de pessoas da família, pois no meu caso até já me disseram que eu não estava bem da cabeça, por não compreenderem bem o que é a EM.

 

V.A. – De que forma a iniciativa “Prémio Esclerose Múltipla (EM) Curtas”, contribui para a sensibilização da sociedade para esta temática?

M.S – É uma forma de toda a sociedade, de todas as faixas etárias, compreender o que é a EM através da criação e visualização de curtas-metragens alusivas ao tema. Desta forma os próprios candidatos aos Prémios e as outras pessoas vão poder obter mais informações sobre esta doença, e qual o impacto nos doentes e famílias, com histórias contadas na primeira pessoa.

 

V.A. – Que balanço faz da primeira edição desta iniciativa realizada no ano passado? O que espera este ano?

M.S – Foi um balanço positivo, com várias participações de estudantes, pelo que serviu de uma forma diferente e inovadora a desmistificar mais um pouco a EM, contribuindo para uma melhor informação acerca da doença. Espero que este ano seja novamente excelente, sobretudo em termos de esclarecimentos para toda a população em geral.

 

Por VA