Assume a Presidência da Associação de Natação do Algarve | Nova Direção da Associação de Natação do Algarve Tomou Posse em Lagoa

Fábio Bota tomou posse no passado dia 22 de março, como presidente da Associação de Natação do Algarve, numa cerimónia realizada no Auditório do Convento de São José, em Lagoa. O evento, contou com a presença de diversas entidades locais, atletas e representantes do setor desportivo.
O presidente da Câmara Municipal de Lagoa, Luís Encarnação, e o diretor regional do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), Custódio Moreno, felicitaram a nova direção, destacando a importância do trabalho desenvolvido pela associação na promoção da natação na região.
Também marcou presença Miguel Arrobas, presidente da Federação Portuguesa de Natação, que enalteceu o papel da associação no crescimento da modalidade no Algarve e reforçou o apoio da federação para futuras iniciativas e projetos que visem o desenvolvimento do desporto aquático na região.
No seu discurso, Fábio Bota reafirmou o compromisso de fortalecer a natação no Algarve, apostando na captação de novos talentos e na melhoria das condições para atletas e clubes. Destacou ainda a importância da colaboração entre entidades públicas e privadas para garantir um crescimento sustentável da modalidade.
A tomada de posse marcou o início de um novo ciclo para a associação, que agora se prepara para enfrentar novos desafios e continuar a promover a natação como um desporto de excelência na região.
Os nossos jornais A Voz de Loulé e A Voz do Algarve estiveram presentes no evento e entrevistaram o novo presidente para conhecer os seus objetivos e planos para o futuro.
 
 
A Voz do Algarve - Fábio Bota, em primeiro lugar aproveito para dar-lhe os parabéns pela sua tomada de posse como Presidente da Associação de Natação do Algarve. O que representa para si esta nova função e quais são os principais objetivos que pretende atingir ao longo do seu mandato?
Fábio Bota-Os principais objetivos que se pretende são divulgar a natação nas suas diferentes disciplinas: natação pura, polo aquático, natação artística e saltos para a água. Também queremos levar o mandato até ao fim, pois a Associação de Natação do Algarve tem tido histórico de direções que não chegam ao fim por vários problemas.
Espero que isso não aconteça connosco. A motivação é muito grande, temos uma equipa muito motivada para tentar fazer o melhor que sabemos. Obviamente, estamos a falar de trabalho voluntário, por isso contamos com o contributo de todos os clubes e apoios disponíveis.
 
V.A. - Fale-nos um pouco de si, quando começou a levar a natação a sério?
F.B. - Desde muito cedo, desde 1993, comecei a praticar polo aquático.
 
V.A. - Diz 1993, que idade tinha?
F.B. - Tinha 13 anos. Comecei a praticar polo aquático no Louletano, e pratiquei este desporto durante mais de 20 anos. Fiz todas as camadas jovens, participei nas seleções nacionais, tanto de formação como sênior. No final da minha carreira, rumei a Portimão, porque, na altura, o polo aquático infelizmente acabou em Loulé. Recebi um convite para integrar o Portinado, aceitei e terminei a minha carreira aí.
Nos últimos anos, por incentivo de amigos, voltei ao desporto e agora participo nos Masters. Curiosamente, estou inscrito no Clube Naval de Faro, pelo que conheço bem vários clubes do Algarve.
 
V.A. - O que pensa um miúdo de 13 anos quando entra assim num desporto a sério?
F.B. - A motivação era muito grande. Tínhamos um grupo de amigos, que foi a maior motivação. Nestes desportos menos divulgados, isso é fundamental. Criam-se laços com treinadores, direções e outros atletas. Foi um caminho que segui praticamente toda a vida como desportista em Loulé.
 
V.A. - E quando percebeu que podia chegar mais longe na natação?
F.B. - Com as chamadas à seleção, naturalmente. Foi um momento fulcral que me fez dedicar mais ao desporto, a ponto de ponderar a minha carreira profissional para me manter no Algarve.
 
V.A. - A nível de treinos, é realmente muito difícil? Como funciona?
F.B. - Se falarmos da natação pura, os miúdos a partir dos 12, 13 anos começam a treinar bi-diários. Levantam-se às 5h, 6h da manhã, treinam e têm novo treino ao final do dia.
Em Portugal, devíamos adaptar o sistema educativo ao desporto, como aconteceu com a música. Para os atletas terem bons resultados, devem ser considerados na escola com horários ajustados, pois não podem ter a mesma carga horária que os outros estudantes.
 
V.A. - Você também é professor. Acredita que existe essa sensibilidade para ajudar os miúdos que se dedicam ao desporto?
F.B. - Acho que ainda não existe muita sensibilidade. O governo devia implementar diretrizes para as escolas, tal como já acontece na área da música.
 
V.A. - Como pretende garantir maior estabilidade na liderança da Associação de Natação do Algarve?
F.B. - Esse é o maior desafio. Temos cerca de 20 clubes associados, cada um com a sua visão. A direção deve preparar toda a época em conjunto com os clubes, mas não pode estar apenas focada na organização de provas.
As direções anteriores descuidaram-se de outras vertentes como a formação e arbitragem. Por isso, vamos ter duas pessoas dedicadas exclusivamente à organização de provas de natação pura, que envolvem centenas de atletas.
Queremos divulgar mais a natação, para que os miúdos encontrem um caminho positivo no desporto. Para isso, precisamos da colaboração dos clubes.
 
V.A. - Que medidas serão tomadas para melhorar as condições de treino e competição?
F.B. - Em termos de treino, cabe aos clubes e às autarquias garantirem infraestruturas adequadas. Sempre que organizamos eventos internacionais, recebemos muitos atletas estrangeiros, com impacto na economia local o que demonstra a importância de investir na modalidade.
Já temos um calendário com cerca de 30 eventos por ano. O foco é melhorar a qualidade das competições e aumentar a visibilidade da natação para atrair patrocinadores.
 
V.A. - Como é feita a seleção dos miúdos para a natação?
F.B. - Alguns entram pelo incentivo de amigos, outros pelos pais. O futebol ainda domina porque muitos pais sonham com um Cristiano Ronaldo em casa. Felizmente, o programa Portugal a Nadar, da Federação Portuguesa de Natação, garante que nas aulas de Educação Física a natação seja obrigatória. Isso é essencial para captar novos atletas.
 
 
V.A. - A sua experiência no mundo desportivo é vasta, tanto como atleta, como dirigente e, agora, como presidente da Associação de Natação do Algarve. De que forma esse percurso o preparou para este desafio e como pretende aplicar esse conhecimento na gestão da associação?
F.B. - Para ser sincero, ainda estou a familiarizar-me com a estrutura e funcionamento da associação. No verão passado, fui contactado pelo presidente da Federação, Miguel Arrombas, para apoiar a sua candidatura aqui no Algarve. Inicialmente, pensei que o meu envolvimento terminaria após as eleições, mas, com o tempo, o meu nome começou a surgir entre os clubes da região. Tendo passado por várias equipas, como Loulé, Portimão e Faro, acabei por ser incentivado a avançar para esta candidatura.
A associação enfrenta alguns desafios, mas reuni uma equipa muito competente e motivada para trabalhar na sua reestruturação. Contamos com a Elisabeth Denso, que tem uma vasta experiência na organização da associação, a Maria Mestre e o António Mendes, que estarão focados na organização das provas, e o André Dias, meu braço direito, com experiência em natação e gestão. Além disso, temos a Inês e o Hélder Nogueira, responsáveis pela comunicação, redes sociais e divulgação do nosso trabalho.
Com esta equipa de sete pessoas, acredito que conseguimos criar as condições para que a associação prospere e se torne mais forte. É fundamental que os clubes também estejam envolvidos e compreendam que, se a associação for forte, todos beneficiam.
Ainda estou a aprender sobre alguns aspetos logísticos, mas sei que posso contar com a minha equipa para garantir uma gestão eficiente. O nosso objetivo é estruturar melhor a associação e criar um ambiente mais profissional, garantindo que não recaia tudo sobre uma ou duas pessoas, como aconteceu no passado. Com essa abordagem, estou confiante de que conseguiremos fazer um bom trabalho e trazer maior estabilidade à associação.
 
V.A. - Referiu que muitas pessoas trabalham de forma voluntária na natação. No seu caso, enquanto presidente, também exercerá esta função em regime de voluntariado?
F.B. - Sim, sim, toda a direção trabalha em regime de voluntariado. Não há ordenados, não há qualquer remuneração. Estamos aqui de forma desprendida para ajudar a modalidade e os clubes. Acho que é importante que os clubes compreendam isso e que, em vez de críticas destrutivas, nos apoiem e alertem quando algo não estiver bem. O nosso objetivo é trabalhar em conjunto para fortalecer a natação no Algarve.
É, sem dúvida, um grande desafio, quase uma loucura, mas quem está ligado a este mundo sabe que é difícil ficar de fora. Temos dirigentes que dedicam décadas aos clubes, como o Armando em Loulé, o professor Vítor ou o Paulo Costa em Portimão. São exemplos de dedicação que me inspiram e fazem com que eu também queira contribuir para o crescimento da modalidade na região.
 
V.A. - Um dos aspetos essenciais para o sucesso da natação na região é a cooperação entre clubes, técnicos e autarquias. Como avalia essa articulação atualmente e que melhorias gostaria de implementar para fortalecer essa colaboração?
F.B. - A colaboração com os clubes é fundamental. Eles precisam de estar verdadeiramente empenhados connosco para conseguirmos alcançar os melhores resultados. Já no que diz respeito às autarquias, esse será um dos principais focos da associação. Temos de reforçar essa relação e demonstrar, de forma clara, a importância da natação para a comunidade.
Felizmente, pelo que sei, as autarquias estão recetivas à prática da natação, apesar dos desafios que enfrentam, como a gestão do espaço nas piscinas. Muitas vezes, o público não compreende porque é que uma piscina está fechada ao fim de semana para uma competição, mas acredito que, através do diálogo, reuniões e um trabalho contínuo, conseguiremos sensibilizar e garantir um maior apoio.
Falamos de 16 autarquias e o nosso objetivo é levar provas e estágios a todas elas. Sabemos que a zona central do Algarve tem mais capacidade de apoio devido às infraestruturas disponíveis, mas queremos descentralizar a modalidade e garantir que toda a região beneficia das nossas iniciativas.
 
V.A. - Relativamente à organização das provas e à arbitragem, como é que funciona? E que melhorias pretende implementar?
F.B. - Na nossa associação, temos uma estrutura específica para essa área, que é o Conselho de Arbitragem. É, sem dúvida, um dos pilares mais importantes da organização das competições e queremos dar uma atenção especial a estes profissionais.
Os árbitros desempenham um papel fundamental, trabalhando praticamente de forma voluntária. Queremos mudar esse paradigma e melhorar as condições oferecidas, tanto a nível financeiro como logístico, porque sem árbitros não há provas, é tão simples quanto isso.
As competições são entregues ao Conselho de Arbitragem, que assume a gestão das mesmas, e é essencial que lhes demos o devido reconhecimento e apoio. São pessoas dedicadas, que contribuem para o desenvolvimento da modalidade, e queremos garantir que se sintam valorizadas pelo trabalho que fazem.
 
V.A. - O que pretende trazer de novo à associação?
F.B. - Quero estruturar melhor a gestão, profissionalizar algumas funções e evitar que apenas uma ou duas pessoas fiquem sobrecarregadas. Com uma equipa forte, conseguiremos atingir os nossos objetivos e garantir que a Associação de Natação do Algarve tenha um mandato estável e produtivo.
 
V.A. - Para finalizar, qual a mensagem que gostaria de deixar aos atletas, treinadores, clubes e a todos os envolvidos na natação, incluindo os pais dos jovens nadadores?
F.B. - Bom, dizer-vos que vamos iniciar este processo, este mandato, com toda a vontade para divulgar a natação ao máximo, estamos disponíveis para ajudar e tentar criar as melhores condições quer para a arbitragem, quer para os nossos atletas, quer para os treinadores, quer para os clubes. Naturalmente, vamos necessitar sempre da ajuda de todos e o que nós podemos prometer a todos vós, portanto, a minha equipa, é que estaremos sempre abertos a ouvi-los e contaremos sempre com o vosso apoio, da vossa forma construtiva, naturalmente, vamos ter muitas dificuldades agora de início, porque apanhámos o mandato a meio, mas que iremos, naturalmente, fazer tudo para que corra tudo bem. 
 
V.A. - Obrigada, Fábio Bota e votos de um excelente mandato.
F.B. - Muito obrigado eu.
 
Por Nathalie Dias