«A história do amor mais profundo, mais estranho e mais secreto que alguém teve com Amália Rodrigues». É este o mote do espetáculo «O Homem da Amália», que estará em cena no dia 12 de fevereiro, no Auditório Municipal de Albufeira, pelas 21:00 horas. Esta é uma produção da Yellow Star Company, com texto e interpretação de Virgílio Castelo e encenação de Paulo Sousa Costa.

Virgílio Castelo

A Voz do Algarve (V.A.) - Como surge a ideia para escrever “O Homem da Amália”?

Virgílio Castelo (V.C.) - Eu escrevi o texto inspirado na memória de Amália Rodrigues, que nunca deixou de me apaixonar. Durante o segundo confinamento atirei-me à escrita, sem saber se algum dia este espetáculo iria ver a luz do dia. Mas a verdade, é que a Yellow Star Company acreditou que era um projeto interessante e quis produzir, o Paulo Sousa Costa quis dirigir e depois o público quis ver.

 

V.A. - De forma resumida, o que podemos esperar deste espetáculo? Ainda não conhecemos tudo sobre Amália?

V.C. - Podemos esperar ver a história de um homem que amou desesperadamente Amália Rodrigues durante uma vida inteira, sem nunca ser correspondido. Através do olhar dele, percebemos alguns dos mistérios do coração dela.

Nunca se conhece tudo sobre as personalidades mais incomuns, como Amália. Mas talvez o que me tenha impressionado mais, tenha sido a capacidade de ela manter até ao fim uma simplicidade desarmante que contrastava com a vida fabulosa que teve.

 

V.A. - Era difícil ser um ‘homem de Amália’?

V.C. - Para este homem que eu inventei foi difícil, mesmo muito difícil. Mas, ao mesmo tempo, e paradoxalmente, foi fácil porque quando se ama como ele a amou, tudo se torna secundário em relação a esse amor.
 

V.A. - Como se inspirou para construir a personagem? O que podemos esperar deste ‘homem de Amália’?

V.C. - Procurei sobretudo inspirar-me nas poesias que Amália Rodrigues escreveu. Julgo que revelavam mais sobre ela do que as entrevistas que deu ou os livros que escreveram sobre ela. O que podemos esperar, é uma visão apaixonada de um homem que nunca se importaria de morrer por amor.

 

V.A. - Porque é que, no dia 12 de fevereiro, o público deve assistir a “O Homem da Amália” no Auditório Municipal de Albufeira?

V.C. - Porque durante cerca de uma hora poderá ver, ouvir e sentir a personalidade fabulosa de Amália Rodrigues, através de alguns dos Fados que cantou, dos filmes que fez, das fotografias que lhe tiraram e do amor deste homem que se apaixonou por ela e, por isso, a viu como uma verdadeira estrela.
 

 

Paulo Sousa Costa

V.A. - De uma forma geral, do que fala “O Homem de Amália”?

Paulo Sousa Costa (P.S.C.) - Esta peça fala de um homem que tem uma grande paixão por Amália. Este é um amor platônico, porque ele nunca teve nada com a Amália, apenas sonhou, mas nunca conseguiu realizar esse desejo. É um trabalho de ficção com algumas partes de realidade. Esse homem existiu na vida de Amália, mas nunca houve envolvimento.

 

V.A. - Nesta peça teremos uma visão mais dramática ou divertida sobre a vida amorosa da Fadista? Ou teremos nuances entre o drama e a comédia?

P.S.C. - Apesar de ser um monólogo, tem muito ritmo, porque o Virgílio Castelo interpreta doze personagens, todas elas que passaram pela vida de Amália – incluindo a própria. É uma peça que tem todas as “cores” e nuances de emoções. Tem partes divertidas e dramáticas, tem música e vídeos de Amália.

 

V.A. - A fronteira entre a realidade e a ficção é cada vez mais ténue?

P.S.C. - Sim, porque a peça acaba por ser uma espécie de documentário autobiográfico de um homem que sabia muito da vida de Amália e, inclusive, a ajudou na sua carreira.

 

V.A. - Há alguns elementos-chave, em termos de adereços, que vão sendo usados ao longo do espetáculo?

P.S.C. - Sim, este é um espetáculo muito rico visualmente. Tem um cenário com muita estética e conseguimos variar bastante entre cenas e personagens.

 

V.A. - Como é trabalhar com Virgílio de Castelo? Como é a relação com o resto da equipa?

P.S.C. - Este foi um desafio do próprio Virgílio Castelo e durante o segundo confinamento, fomos trocando ideias e mensagens à distância e chegámos ao produto final. Estivemos a ensaiar cerca de seis semanas.

Já é a terceira vez que trabalho com o Virgílio e é sempre um prazer, porque ele é um ator bastante dedicado e versátil.
 

V.A. -Porque é que, no dia 12 de fevereiro, o público deve assistir a “O Homem da Amália” no Auditório Municipal de Albufeira?

P.S.C. -Este espetáculo será uma partilha de experiências sobre a vida de Amália. Traremos à memória a diva máxima do Fado.

 

Por: Filipe Vilhena