André Magrinho, Professor Universitário, Doutorado em Gestão | andre.magrinho54@gmail.com
Antes de mais, Festas Felizes à diretora, colaboradores e leitores da Voz de Loulé, esperando que 2025 traga muitas alegrias, saúde e a concretização de muitos sonhos.
As dinâmicas cruzadas da geopolítica e da economia continuarão a moldar o mundo, sendo certo que os protagonistas da ordem internacional vigente, com os EUA à cabeça, apoiados pelo mundo ocidental, e os que se arvoram da nova ordem internacional, onde pontificam os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), agora alargados a 6 novos membros, continuarão a confrontar-se, tanto diretamente, como nos diferentes palcos regionais. Este artigo, apenas pretende sinalizar alguns dos temas e protagonistas que vão atrair a atenção de muitas partes interessadas, no próximo ano, fora e dentro de Portugal. Eis alguns deles, no plano internacional: (i) a América de Donald Trump: a concretizarem-se as promessas, a vitória de Trump afetará a imigração, defesa, economia e o comércio internacional, com a política "America First", forçando realinhamentos e tensões geopolíticas.
 
A postura transacional de Trump, poderá impor taxas acrescidas sobre produtos provenientes da China e, porventura da Europa, com consequências significativas no comércio internacional. Poderá também incentivar ações desestabilizadoras por parte de países como China, Rússia, Irão e Coreia do Norte, além de mais interferências regionais; (ii) O conflito Rússia-Ucrânia: Iniciado em 2022 com a invasão da Ucrânia, continuará a ter um impacto profundo na estabilidade da região, em particular na Europa, que terá que reequacionar a sua política de industrialização, segurança e defesa. (iii)  Sustentabilidade e Tecnologias Verdes: em 2025 vamos perceber se os EUA de Trump, abandona os Acordos de Paris sobre o clima, e caso se confirme será um revés para as políticas globais de mitigação e adaptação climáticas. Em matéria de transição energética e particularmente no que se refere às tecnologias limpas, a China continuará a liderar as exportações de painéis solares, baterias e veículos eléctricos, nomeadamente para a Europa; (iv) Migrações e Segurança Fronteiriças: A gestão da migração e a segurança das fronteiras continuarão a ser desafios importantes, tanto nos EUA como na Europa, necessitando esta de unidade e políticas eficazes para lidar com fluxos migratórios cada vez mais intensos e para garantir a segurança interna.
 
Em Portugal releva-se para 2025 (i) A Economia e Crescimento, que vai alimentar o debate público, na medida em que Portugal enfrenta o desafio crucial do crescimento, para gerar as receitas que permitirão acomodar as despesas públicas permanentes, resultantes dos aumentos salariais em setores importantes do Estado, bem como as novas regras orçamentais europeias, tanto mais que a discussão sobre o tema se vai adensar, devido à recente divergência entre as previsões do governo e as do Banco de Portugal, em que este prevê que se possa voltar aos défices orçamentais  já em 2025, isto, na ausência de medidas positivas do lado da receita do Estado; (ii) Estabilidade Governamental, será essencial para implementar políticas eficazes, bem como efetuar reformas estruturais, nomeadamente em áreas como a saúde, educação e segurança social, o que será vital para garantir a sustentabilidade a longo prazo. No mesmo sentido, constituirão objeto de discussão, as reformas Institucionais, para melhorar a transparência e a governação, o que se afigura essencial para fortalecer a confiança nas instituições e combater a corrupção.