VILAMOURA-MIRAMAR EM MASCULINOS QUINTA DO PERU-MIRAMAR EM FEMININOS

MIRAMAR DEFRONTA OS CAMPEÕES NACIONAIS EM TÍTULO EM AMBAS AS COMPETIÇÕES. FICA PARA A HISTÓRIA O DUELO DE TOMÁS BESSA E MANUEL ALEXANDRE VIOLAS, QUE DECIDIU A DERROTA DO OPORTO, A EQUIPA A JOGAR EM CASA

 

O Club de Golfe de Miramar procura amanhã (Domingo) fazer a dobradinha e vencer ao mesmo tempo os Campeonatos Nacionais de Clubes Solverde feminino e masculino, com a dificuldade extra de medir forças nas finais com os campeões em título: o Quinta do Peru Golf & Country Club (vencedor da Taça Nini Guedes de Queiroz em 2013) e o Clube de Golfe de Vilamoura (titular da Taça Visconde de Pereira Machado), com a agravante de os algarvios serem também o clube campeão europeu.

O 51º Campeonato Nacional de Clubes Solverde está a decorrer no Oporto Golf Club, em Espinho, sob a égide da Federação Portuguesa de Golfe (FPG), e hoje disputaram-se as meias-finais, com os seguintes resultados:

Taça Nini Guedes de Queiroz (torneio feminino): Quinta do Peru-Quinta do Fojo, 3-2; Club de Golf de Miramar-Clube de Golfe do Paço do Lumiar, 3,5-1,5.

Taça Visconde de Pereira Machado (masculino): Clube de Golfe de Vilamoura-Quinta do Peru Golf & Country Club, 5-2; Club de Golf de Miramar-Oporto Golf Club, 4-3.

Para além das meias-finais, realizaram-se ainda outros confrontos masculinos, a contar para a classificação final das 11 equipas. Os resultados foram os seguintes:

Grupo-A (“Flight”-A): Lisbon Sports Club-Belas Clube de Campo, 4-1; Club de Golf do Estoril-Oporto Golf Club B, 3-2.

Grupo-B: Oitavos Dunes-Clube de Golfe da Ilha Terceira, 3-2; Quinta do Peru B-Clube de Golfe do Centro, 4-1.

Amanhã joga-se o último dia de competição, com as finais Vilamoura-Miramar (torneio masculino) a partir das 8h20 e Quinta do Peru-Miramar (feminino) a partir das 9h00. A jornada começa antes, às 8h00, com vários outros embates: Oporto-Quinta do Peru (3 e 4º lugares), Lisbon-Estoril (5º e 6º), Belas-Oporto B (7º e 8º), e, no Grupo-B, Oitavos-Quinta do Peru B e Terceira-Centro.

(Os resultados completos de todos os encontros, “match a match”, encontram-se no site oficial da FPG e também enviamos todos em anexo)

 

Vice-campeões nacionais perderam nos “foursomes”

 

Apesar de as temperaturas terem descido ligeiramente e de ter soprado uma brisa, voltou a viver-se um dia excelente para o golfe e as condições meteorológicas ajudaram ao bom espetáculo, à incerteza e a grande qualidade. Basta dizer que as quatro meias-finais terminaram empatadas depois dos “foursomes” (pares) da manhã. Razão tinha Joaquim Sequeira, treinador e capitão de Vilamoura, em dizer que «foi uma manhã perdida, porque tudo recomeçou do zero à tarde nos “singles”».

Desses pares matinais, houve duas surpresas. No torneio feminino, Sofia Câmara e Sara Pessoa perderam com Inês Barbosa e Cândida Santos. Surpresa mais pelo resultado de 4/3, confirmando o bom momento de Inês Barbosa. No torneio masculino, Salvador Costa Macedo e Tiago Tavares derrotaram João Carlota e Nathan Brader por 5/3.

Sofia Câmara e João Carlota são vice-campeões nacionais amadores e esperava-se que pudessem fazer pender a balança para o seu lado, o que não sucedeu. Isso fez com que a equipa feminina da Quinta do Peru e a masculina de Vilamoura tivessem de esgravatar um pouco mais pela vitória, mas ambos os conjuntos estavam confiantes para os singulares da tarde.

«Não pensámos que fosse tão difícil – admitiu Sofia Câmara, falando no papel de capitã da Quinta do Peru – porque o plano era ganhar os dois foursomes e saiu-nos ao contrário. Mas sabíamos que o meu “match” de “singles” e o da Magda (Carrilho) eram acessíveis e teríamos de ganhá-los porque a Sara (Pessoa) ia jogar com a Inês (Barbosa) e seria muito difícil. Foi exatamente o que aconteceu e cumprimos a tarefa».

Se a Quinta do Peru se apurou para a segunda final consecutiva na Taça Nini Guedes de Queiroz com 2-1 nos singulares e 3-2 no resultado geral, Vilamoura bateu muito mais à vontade a equipa masculina da Quinta do Peru. É certo que houve o tal empate nos pares da manhã, mas à tarde João Carlota, Nathan Brader e Vítor Lopes venceram os seus “matches” de singulares e os capitães acordaram empatar os dois outros encontros. Nessa altura, Vilamoura ia a ganhar num e havia um empate no outro.

Daí a confiança de Joaquim Sequeira nos seus valores individuais, apesar do percalço da manhã: «Aqui, de manhã, foi porque os nossos putts não queriam cair e os deles caíram todos, mas não jogámos mal. À tarde começámos bem e quando se dobrou os 9 primeiros buracos íamos à frente em todos os jogos. Quando tudo acabou, os nossos adversários não estavam a ganhar em nenhum dos que ainda estavam em campo. Nós sabíamos que eles têm dois bons jogadores, o Tiago e o Salvador, mas dois não chegam. É certo que nos últimos buracos houve alguns dos nossos jovens que tremeram mas mesmo assim nunca estivemos atrás».

 

Miramar vence em ambos os torneios

 

Portanto, como vimos, com mais ou menos dificuldade, os campeões do ano passado lá se qualificaram para a final. As outras duas meias-finais tiveram a curiosidade de dar sempre a vitória a Miramar.

Na Taça Nino Guedes de Queiroz, a vitória da equipa capitaneada por Benedita Mendes Ribeiro era aguardada. Desde o início da prova que Miramar recolhe um favoritismo quase unânime para o título e as suas jogadoras provaram-no nos singulares. A campeã nacional amadora, Susana Ribeiro, e a campeã nacional de sub-16, Leonor Bessa, venceram os seus duelos com Rita Câncio e Madalena Passô Ribeiro por 2/1 e 6/4, respetivamente, enquanto a campeã nacional de sub-14, Joana Silveira, empatou com Marta Ramalho. Portanto, a superioridade da formação feminina de Miramar não sofreu grande contestação.

«A Susana e a Leonor têm muita experiência competitiva e as outras sentem isso no campo. Mas só éramos favoritas no papel. A Rita e a Madalena foram grandes jogadoras, podem agora treinar menos, mas o golfe está lá. Não era uma equipa fácil a que vencemos hoje», sublinhou Nelson Ribeiro, o treinador profissional de Miramar, que nunca escondeu que o objetivo era a final.

Pelo contrário, no torneio masculino, Miramar tinha definido como objetivo chegar às meias-finais e depois logo se via. O embate de hoje com os vizinhos do Oporto estava imbuído de uma rivalidade de décadas, particularmente acesa na semana passada, em que o Oporto derrotou Miramar na final do Regional da Associação de Golfe do Norte de Portugal.

E se essa final Regional foi decidida no último buraco, com Tomás Bessa, de Miramar, a jogar “gross” em 5 pancadas abaixo do Par e mesmo assim a perder com João Magalhães, do Oporto, autor de um -6… hoje, na meia-final do Nacional, foi exatamente o mesmo Tomás Bessa a sagrar-se herói da equipa, somando o ponto da vitória e da desforra, batendo por 1 buraco Manuel Alexandre Violas. Ironia das ironias, embora se competisse em “match play”, Bessa sabe que jogou «em 6 abaixo do Par» e Violas assegura que jogou «pelo menos 5 abaixo, senão mesmo -6».

Este duelo de titãs será lembrado por muitos anos pela chuva de birdies, pela qualidade de jogo. «Houve mesmo dois buracos empatados com birdies, o 13 e o 15», disse Nelson Ribeiro. «Talvez tenha sido o melhor “match” da minha vida, foi de certeza um dos melhores», disse Tomás Bessa. «Foi um grande jogo, definiu a vitória de uma equipa e a derrota de outra e foi muito renhido. O golfe é assim, poderia ter caído para qualquer lado», corroborou Manuel Alexandre Violas. O jogador-capitão do Oporto passou os primeiros 9 buracos a vencer por 2, mas o ainda júnior de Miramar, famoso pelo drive mais longo de Portugal, venceu logo os buracos 10 e 11 para empatar e quando chegou ao 18 já ia a vencer por 1.

Como foi possível a um jovem como Tomás Bessa dar a volta ao resultado? Manuel Alexandre Violas está em grande forma, atuava em casa, num campo que conhece como ninguém, ainda recentemente ali fez um “score” de 57 e estava a dominar o embate. Muitos teriam cedido psicologicamente, mas Tomás Bessa agigantou-se nos segundos 9 buracos. «Deixei-lhe uma mensagem a dizer para se concentrar apenas no seu resultado de stroke play, que não olhasse para quem era o adversário e o que estava a fazer. Ele foi claramente capaz de fazer isso na segunda volta. Na primeira creio que ainda sentiu um pouco que estava com o grande jogador que é o Manuel ao lado», explicou o profissional de Miramar.

Para Nelson Ribeiro, há uma diferença entre os dois confrontos recentes com o Oporto: «Na final do Regional perdemos o primeiro singular e hoje ganhámos. O José Maria Cunha bateu o Afonso Girão e os outros soltaram-se». Igualmente determinante foi a raça de Pedro Lencart Silva, a tirar autênticos “coelhos da cartola” nos últimos buracos do duelo com João Girão. O jovem do Oporto parecia mais consistente, mas Lencart, o campeão nacional de sub-14, arrancou alguns chips e putts de grande nível para se agarrar à vitória até ao fim.

Assim sendo, de nada valeu ao Oporto as vitórias de João Magalhães sobre Renato Ferreira e de Tiago Rodrigues diante do aniversariante Rui Mendes, que celebrou a entrada para a maioridade com uma derrota… pelo menos, a sua equipa ganhou.

 

Vilamoura e Miramar favoritos no papel

 

Nas finais de amanhã, os media têm dado favoritismo a Vilamoura no torneio masculino e a Miramar no feminino. Vilamoura persegue um 15º título na Taça Visconde de Pereira Machado, o 3º consecutivo, enquanto Miramar pode elevar pela 4ª vez o troféu que lhe escapa desde 1994. Na Taça Nini Guedes de Queiroz, Miramar pode fazer história, pois nunca ganhou, enquanto a Quinta do Peru venceu pela primeira vez no ano passado.

Eis o que os responsáveis técnicos tiveram a dizer sobre as finais:

Joaquim Sequeira (treinador e capitão de Vilamoura): «Uma coisa é ser apontado como favorito e outra coisa é sê-lo. Miramar já está a trabalhar há algum tempo com qualidade e a consequência foi este resultado de hoje. Se esta equipa é capaz de fazer guerra ao Oporto a jogar em casa, então também é capaz de fazer guerra comigo».

Nelson Ribeiro (treinador de Miramar): «Eles não são só os campeões de Portugal, são os campeões da Europa e a minha equipa é muito jovem. O jogador mais velho que tenho tem 18 anos. Mas agora, depois desta vitória de hoje, acho que a equipa vai acreditar mais. Os meus jogadores têm consciência de que a final é difícil, de que não podem cometer erros que são naturais pela falta de experiência».

«Na final feminina, como disse o Sequeira, os favoritos só existem no papel. Vamos defrontar a equipa com que perdemos nas meias-finais do ano passado, mas as jogadoras estão conscientes de que é possível ganhar a final».

Sofia Câmara (jogadora e capitã da Quinta do Peru): «São duas equipas equilibradas. Sei que se tem falado do favoritismo de Miramar. É verdade que a equipa delas reforçou-se em relação às meias-finais do ano passado, com as entradas da Leonor e da Joana, mas isso é vendo as jogadoras em stroke play. Nós, em match play, somos muito diferentes e será uma boa final».

 

Por:  FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE GOLFE