Movimento tem ajudado a prover as paróquias algarvias de muitos dos seus colaboradores

Há precisamente 40 anos concluía-se o Convívio Fraterno nº 203, o primeiro a ser realizado na Diocese do Algarve, entre 3 e 5 de março de 1984.

O Movimento dos Convívios Fraternos, nascido a 17 de maio de 1968 em Castelo Branco da vontade do padre Valente de Matos para ajudar a responder aos anseios espirituais dos jovens, a encontrarem-se com Cristo e a assumir a sua responsabilidade e vocação na Igreja, encontrou nos rapazes que cumpriam o serviço militar e o tinham como capelão o contexto para lhe dar rumo, tendo começado depois a expandir-se para Vila Viçosa, na Arquidiocese de Évora, e, mais tarde, para Vila Nova de Milfontes, na vizinha Diocese de Beja.

Foi precisamente a esta localidade que o então responsável pelo Setor da Pastoral Juvenil da diocese algarvia, padre Luís Gonzaga, se dirigiu para conhecer o movimento, participando num Convívio Fraterno que ali se realizou. O convite foi-lhe feito pelo cónego Manuel Oliveira Rodrigues, então pároco de Martim Longo, que, tendo ouvido contar o que estava a acontecer na Arquidiocese de Évora, quis conhecer melhor os Convívios Fraternos.

“Se o Manuel desejava conhecer bem o movimento, a mim interessava-me imenso que ele o conhecesse bem porque precisávamos de padres no Algarve que estivessem por dentro do espírito”, testemunhou o padre Luís Gonzaga ao Folha do Domingo, explicando ter conhecido naquela ocasião a equipa que deu origem ao movimento em Castelo Branco. “Gostei imenso. Também da disponibilidade deles, que se predispuseram para vir ao Algarve quando quiséssemos”, lembra o sacerdote algarvio.

Veio então ao Algarve uma equipa composta pelos padres Armando Tavares Pereira Alves, do Seminário dos Missionários do Preciosíssimo Sangue, em Proença-a-Nova, na Diocese de Portalegre-Castelo Branco, Luís Marques Ribeiro, de Nisa, na mesma diocese, e António Simões, perfeito do Seminário de São José de Vila Viçosa, na Arquidiocese de Évora. “O padre Armando tinha a sua equipa para a Diocese de Portalegre-Castelo Branco e também vinha com jovens militares fazer convívios a Évora, onde eles também têm uma casa em Vila Viçosa, localidade onde o padre Simões estava”, conta o padre Luís Gonzaga, acrescentando que “trouxeram alguns jovens com eles de vários pontos do país para fazer os testemunhos”.

Naquele dealbar do Movimento dos Convívios Fraternos no Algarve, ocorrido na Casa de Retiros de São Lourenço do Palmeiral, para além dos sacerdotes algarvios Luís Gonzaga e Manuel Rodrigues e dos já referidos António Simões, Armando Alves e Luís Ribeiro, participaram não só 48 algarvios, oriundos de Albufeira, Alcoutim, Bensafrim, Estômbar, Faro, Ferragudo, Fuseta, Giões, Lagoa, Luz de Lagos, Martim Longo, Quelfes, São Marcos da Serra, Silves e Vila Real de Santo António, mas também jovens de Coruche, Estremoz, Lisboa, Vendas Novas, Vila Nova de Mil Fontes e Vila Viçosa.

O padre Luís Gonzaga explica a intenção de trazer o movimento para o Algarve. “Nasce do desejo de revitalizar a pastoral juvenil, consciente de que esta não é um grupo ou uma equipa à volta de um padre, mas é termos grupos de base paroquial. Interessava-me algo sério de base paroquial”, testemunhou, garantindo que a pastoral juvenil se encontrava muito debilitada e que “nunca quis uma pastoral juvenil que fosse do movimento”.

“Para revitalizar os grupos juvenis de base paroquial temos de ter, primeiro, líderes, animadores, conscientes do que é ser cristão. Aquele convívio não é para iniciantes. É para quem tem já as bases levar um abanão e ficar cativado por Cristo para poder ser um apóstolo”, desenvolve, clarificando que se trata de colocar “jovens a evangelizar jovens” e que “os movimentos são para a paróquia e não o contrário”.

O padre Luís Gonzaga, que permaneceu cerca de 14 anos à frente da Pastoral Juvenil e do Movimento dos Convívios Fraternos no Algarve, recorda ter sido com aqueles primeiros convivas – os de paróquias do litoral seus conhecidos e os de comunidades da serra conhecidos do padre Manuel Rodrigues – que a recuperação daquele setor começou a ser feita.

O sacerdote refere que na vivência do Encontro Mundial de Jovens, a 31 de março de 1985, por ocasião do Ano Internacional da Juventude, já “grande parte” da animação na diocese era feita por jovens que tinham realizado o Convívio Fraterno. “Já se notava aí a presença dos Convívios. A dinâmica da diocese começou a ser diferente a partir desse fermento. Foi muito importante para a pastoral juvenil”, assegura, lembrando que se começaram a realizar anualmente dois Convívios Fraternos e que houve mesmo anos em que chegaram a ser três.

Olhando para esta caminhada de quatro décadas que tem provido as paróquias algarvias de muitos dos seus colaboradores, o padre Luís Gonzaga dá “graças a Deus porque nunca deixaram cair este movimento” e “pela perseverança, sobretudo dos jovens, neste trabalho”. “Vê-se aqui a capacidade que os jovens têm de serem os melhores evangelizadores dos seus colegas. Mas estes jovens, por sua vez, sempre apoiados nas suas comunidades, não podem ficar pelo Convívio. Há um pós-convívio e esse pós-convívio é, essencialmente, o trabalho de base das suas paróquias”, alerta, exortando os Convívios Fraternos a “nunca ser um movimento à parte, mas um movimento dentro da Igreja e, concretamente, da paróquia”. “Por isso, é que ele está vivo e pujante ainda”, considera.

A proposta do Movimento dos Convívios Fraternos destina-se a jovens com 17 anos ou mais que vivem três dias de retiro que os convida a uma reflexão séria.

A Conferência Episcopal Portuguesa aprovou os estatutos dos Convívios Fraternos no dia 1 de março de 2010.

 

Folha do Domingo