Campeonato do Mundo Amador Feminino de Nações

Portugal iniciou hoje (quarta-feira) a sua campanha no Campeonato do Mundo Amador Feminino de Nações, cuja 26ª edição será organizada pela Associação de Golfe do Japão (JGA), sob a égide da Federação Internacional de Golf (IGF), no Karuizawa 72 Golf East, no Japão, a 150 quilómetros de Tóquio.

Um total de 50 países competirá durante quatro dias, até sábado, dia 6 de setembro, para tentar suceder à República da Coreia (Coreia do Sul), que, há dois anos na Turquia e há quatro anos na Argentina, teve a honra de elevar o Espírito Santo Trophy, o troféu que tem este nome por a taça ter sido oferecida, em 1964, ao conselho Mundial de Golfe Amador (percursor da IGF), por Sílvia Espírito Santo Silva (em nome de Ricardo Espírito Santo), através da Federação Portuguesa de Golfe (FPG).

Apesar desta forte ligação histórica, Portugal nunca foi candidato ao título do Mundial feminino, conquistado 13 vezes pelos Estados Unidos, o grande dominador, mas com a Coreia do sul a vencer as duas últimas edições.

O mesmo volta a suceder este ano, com a seleção nacional a participar pela 12ª vez em 26 edições. Este ano celebram-se os 50 anos da prova (1964-2014) e a FPG leva três jogadoras, duas das quais muito jovens, numa clara aposta no futuro.

Nuno Campino, o selecionador nacional da FPG, convocou Susana Ribeiro, de 24 anos, um valor incontornável e inquestionável, depois de ter-se sagrado campeã nacional amadora em 2013 e 2014; Leonor Bessa, de 15 anos (completa 16 este mês), a bicampeã nacional de sub-16; e Inês Barbosa, igualmente de 15 anos, campeã nacional de sub-14 em 2013. A delegação lusa ao Japão é liderada pelo diretor-técnico nacional, João Coutinho, a desempenhar o cargo de capitão de equipa.

 

FORMATO

O Women’s World Amateur Team Championship/Espírito Santo Trophy, que decorre em cada dois anos, joga-se ao longo de quatro dias. Cada jornada é composta por uma volta de 18 buracos em stroke play (por pancadas) e das três jogadoras em competição aproveitam-se apenas os dois melhores resultados de cada dia. A Federação da equipa campeã fica com o direito de guardar no seu país, durante dois anos, o troféu com nome português e as jogadoras das equipas classificadas nas três primeiras posições recebem medalhas de ouro, prata e bronze.

 

CAMPOS

O torneio realiza-se em dois dos quatro campos do Kariuzawa 72 Golf East, inaugurado em 1993: o Oshitate e o Iriyama, desenhados pelo conceituado arquiteto Robert Trent Jones II. O Oshitate Course é um par-71 (33 nos primeiros 9 buracos e 38 nos segundos 9), de 5.765 metros, que tem a particularidade de terminar com um buraco de Par-6 de 670 metros! O Iriyama Course é um Par-72 (36 no front nine e 36 no back nine), de 5.768 metros.

 

RESULTADOS DE HOJE

O primeiro dia não foi favorável às jogadoras portuguesas. Portugal surge no 47º posto, entre 50 países, com 167 pancadas, 23 acima do Par, sendo o torneio liderado pelo Canadá, com 135 (-9).

A canadiana Brooke Hendersen conseguiu o melhor resultado do dia, com 66 pancadas, 6 abaixo do Par do Oshitate Course.

As portuguesas jogaram nesse mesmo campo e obtiveram os seguintes resultados: 122ª Susana Ribeiro 80 (+8)

140ª Inês Barbosa 87 (+15)

142ª Leonor Bessa 88 (+16)

Susana Ribeiro foi prejudicada por 7 pancadas no buraco 17, um Par-3 de 137 metros. De resto, fez 1 birdie e 5 bogeys. Inês Barbosa só teve cinco buracos a Par. Somou 2 duplos-bogey e 11 bogeys. Leonor Bessa igualou os 7 shots no Par-3 17º de Susana Ribeiro, fechou com um triplo no famoso Par-6 18º, e juntou-lhes 9 bogeys e 7 a Par.

 

HISTÓRICO DAS JOGADORAS PORTUGUESAS

Inês Barbosa irá fazer a sua estreia em Mundiais e é a única das três jogadoras portuguesas que não esteve há dois anos na Turquia, onde Portugal terminou no 47º lugar entre 53 países, com 631 pancadas, 55 acima do Par.

Nos New e Old Courses do Gloria Golf Club, Susana Ribeiro e Leonor Bessa fizeram a sua estreia na competição, tendo jogado também Rita Félix. Os resultados das duas jogadoras lusas que repetem a presença no Japão, entre 157 competidoras na Turquia, foram os seguintes:

133ª Leonor Bessa, 321 pancadas (77+82+77+85), 33 acima do Par.

145ª Susana Ribeiro, 335 (87+85+82+81), +47.

 

HISTÓRICO DE PORTUGAL

A melhor classificação de sempre de Portugal no Espírito Santo Trophy foi o 22º lugar na primeira edição da prova, em 1964, mas o peso dessa classificação é relativo por terem competido apenas 25 países.

É normalmente atribuído maior valor ao 31º lugar alcançado em 2004 em Porto Rico, entre 48 países, bem como ao 33º posto, entre 52 nações, em 2010, na Argentina.

Foi aí, na Argentina, que se obteve o melhor resultado de sempre: as 601 pancadas da seleção nacional e, individualmente, as 295 de Marta Vasconcelos, que também assinou a melhor volta de 18 buracos de sempre, em 67 pancadas (no 1º dia).

1964, França, 22º Portugal (entre 25 países), 668 pancadas.

1976, Vilamoura, 24º Portugal (25), 762.

1982, Suíça, 26º Portugal (26), sem resultado por desqualificação da segunda jogadora.

1988, Suécia, 27º (27) Portugal, 681.

1994, França, 29º (29) Portugal, 660.

2000, Alemanha, 35º (40) Portugal, 655.

2002, Malásia, 31º (39) Portugal, 638.

2004, Porto Rico, 31º (48) Portugal, 630.

2008, Austrália, 38º (48) Portugal, 625.

2010, Argentina, 33º (52) Portugal, 601.

2012, Turquia, 47º (53) Portugal, 631.

 

DECLARAÇÕES DO SELECIONADOR NACIONAL

Nuno Campino, selecionador nacional (ou treinador nacional, como oficialmente o cargo é designado) da FPG, foi campeão nacional, quer como amador, quer como profissional e fez a seguinte análise antes do início da prova:

«Levamos uma equipa jovem, com vontade de mostrar resultados. Acredito que temos a melhor equipa neste momento e principalmente uma equipa a pensar no futuro do golfe nacional.

«A Susana tem sido a melhor jogadora dos últimos anos, com grande vontade e muito conhecimento do seu jogo. Vai fazer um bom Mundial. É uma jogadora muito completa em todas as partes do seu jogo.

«A Leonor é uma jogadora que tem vindo a crescer nos últimos anos e o resultado no European Young Masters só veio trazer-lhe mais confiança. A experiência do Mundial anterior vai de certeza dar-lhe confiança para este.

«A Inês é uma jogadora jovem, com muito para aprender, e tem aqui uma boa oportunidade de crescer como jogadora. Tem grande potencial e de certeza que vai ser um nome no futuro».

 

AS JOGADORAS E SUAS DECLARAÇÕES

Susana Ribeiro

24 anos

Club de Golf de Miramar

Treinador: Nelson Ribeiro

Campeã nacional amadora em 2013 e 2014

Campeã nacional de clubes 4 vezes, incluindo 2014

15ª no Campeonato Internacional Amador de Espanha de Stroke Play

Nº1 do Ranking Nacional BPI/FPG

Segunda participação no Mundial (145ª em 2012 na Turquia)

 

«O Campeonato do Mundo é uma recompensa pelo trabalho feito durante dois anos. Penso que estive consistente nesses dois anos e ganhei bastantes torneios.

«Sei que é uma grande responsabilidade representar a seleção num Mundial e espero fazer um bom resultado.

«Estou a jogar bem, estou confiante, a bater bem na bola. A parte mais fraca do meu jogo são os putts curtos, estou a falhar muitos entre um metro e um metro e meio.

«Gosto de jogar com pessoas que jogam bem, até melhor do que eu. Com as melhores sinto que tenho de superar-me para fazer um bom resultado e estar ao nível delas.

«Em 2012 não fui tensa para a Turquia, mas quando cheguei e vi o ambiente… sente-se uma pressão diferente de um torneio normal. Estão lá as melhores do Mundo e quando chegamos ao tee do 1 e vemos aquele aparato todo, aí trememos um pouco.

«Em 2012 não joguei bem, não fiquei satisfeita com o meu jogo, não trago boas memórias, apesar de ter sido o meu primeiro Campeonato do Mundo. Espero agora poder vingar esse resultado anterior.

 «Estive duas semanas em casa e fiz anos. Tive a minha família em casa e um primo que viaja pelo Mundo fora tem uma nova namorada que é japonesa e é mesmo de lá, de Karuizawa, e joga neste mesmo clube, o 72 Golf East. Não consegui encontrar na internet muita informação sobre o campo, mas ela disse-me que é um campo muito estratégico, bastante estreito, comprido. É preciso saber jogar para se fazer um bom resultado naquele campo».

 

Leonor Bessa

15 anos

Club de Golf de Miramar

Treinador: Nelson Ribeiro

Campeã nacional de sub-16 em 2013 e 2014

Campeã nacional de sub-14 em 2011 e 2012

Campeã nacional de clubes em 2014

12ª no European Young Masters em 2014

Nº4 do Ranking Nacional BPI/FPG

Segunda participação no Mundial (133ª em 2012 na Turquia)

 

«Trabalhei todo o ano para isto. Era um dos meus objetivos. Penso que foi uma convocação merecida, tal como para a Susana e para a Inês. Somos uma boa equipa, estamos unidas e iremos dar o máximo.

«As provas internacionais que tenho jogado este ano têm-me dado confiança. Estou em boa forma e mais umas afinações e isto vai ao sítio. Acho que estou preparada.

«Depois do Campeonato Nacional de Jovens (ganhou mas não gostou da exibição) tive alguns treinos com o meu treinador porque não estava a sentir-me bem a nível técnico. Ele deu-me algumas boas ajudas e acho que neste momento está tudo bem, como mostrei no Campeonato Nacional de Clubes.

«É a prova mais importante a nível amador e já a joguei há dois anos na Turquia. O Mundial é o maior placo e senti-me muito nervosa. Comparar aquilo com um torneio do Circuito Liberty Seguros ou com outros torneios… chega-se aqui e parece que não temos pressão nenhuma.

«Estavam lá as melhores do Mundo e senti-me maravilhosa. Senti que se estava lá era porque merecia e que um dia talvez pudesse lutar pelo título.

«Nos dois primeiros dias joguei bem, no último dia é que joguei pior. No segundo dia tive a oportunidade de jogar com a rapariga que estava à frente, uma sueca, vi o jogo dela e foi fantástico».

 

Inês Barbosa

15 anos

Golf da Quinta do Fojo

Treinadora: Patrícia Brito e Cunha

Campeã nacional de sub-14 em 2013

Campeã nacional de sub-12 em 2012

Nº5 do Ranking Nacional BPI/FPG

Estreia no Mundial

 

«Fiquei muito contente por ter sido convocada e ao mesmo tempo surpreendida. Foi uma ótima notícia.

«Ir jogar o Campeonato do Mundo deixou-me, acima de tudo, com motivação e ansiedade, mas tenho de abstrair-me disso e tentar dar o meu melhor.

«A convocação para o Mundial foi uma motivação e o torneio é importante mas mantive o treino que já vinha fazendo para o Campeonato Nacional de Jovens. Já estava a treinar bem para outros torneios.

«Estou a jogar bem, principalmente no Campeonato Nacional de Clubes, o que me deixa contente.

«Sim, sim, temos uma boa equipa e a Susana é alguém que conheço há muito tempo e gosto muito dela.

«É a competição mais importante que disputei e já falei com a minha treinadora (que esteve em Mundiais anteriores como selecionadora nacional). Ela disse-me para, acima de tudo, divertir-me, porque é uma ótima experiência e para aproveitar a semana ao máximo».

 

Por FPG