Investigadores do Centro de Ciências do Mar publicam estudo que demonstra a importância da hormona da tiróide materna no desenvolvimento do cérebro do embrião.

Os investigadores identificaram o peixe-zebra como modelo para investigar uma forma rara de deficiência mental congénita humana: a Síndrome de Allan-Herndon-Dudley. Esta doença ocorre quando as hormonas da tiróide maternas não são eficientemente transportadas para o feto, o que provoca deficiências no desenvolvimento neural.

O estudo foi publicado no início deste mês, na revista Molecular Endocrinology, e revela que as hormonas da tiróide, depositadas pela mãe nos ovos dos peixes-zebra, são fundamentais para o correto desenvolvimento cerebral dos vertebrados. Este estudo tem implicações em diversas áreas científicas, desde a aquacultura à medicina.

O grupo de investigadores liderados por Marco A. Campinho e Deborah M. Power do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) em colaboração com o Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina e Centro de Biomedicina Molecular e Estrutural (CBME/IBB), da Universidade do Algarve, responde com este estudo a uma pergunta formulada há mais de 30 anos, que questionava a importância das hormonas da tiróide em todo o processo de desenvolvimento embrionário.

Com o método desenvolvido, os investigadores geraram um modelo vertebrado da síndrome Allan-Herndon-Dudley humana, responsável por subdesenvolvimento psico-motor.

Esta doença está relacionada com uma disfunção do transporte das hormonas da tiróide para dentro das células neuronais do feto.

Esta rara síndrome foi descrita pela primeira vez em 1940 e atinge maioritariamente indivíduos do sexo masculino, começando a desenvolver-se ainda antes do nascimento.

Deste modo a equipa do CCMAR determinou, pela primeira vez num vertebrado, a importância das hormonas da tiróide no desenvolvimento dos vertebrados. Estas descobertas possibilitam a compreensão biológica da sídrome Allan-Herndon-Dudley e abrem novas avenidas de estudo e possíveis soluções terapêuticas.

O estudo decorreu durante dois anos e juntou diferentes valências do CCMAR e da Universidade do Algarve.

 

Por CCMAR